Júlio Ricardo Da Rosa é autor de O Inverno do Vampiro, vencedor do Prêmio de Narrativa Longa de Horror da Odisseia de Literatura Fantástica de 2020.
1- Olá, gostaria de agradecer pela oportunidade desta entrevista. Tive o prazer de ler seu livro “O Inverno do Vampiro”, mas, o senhor poderia se apresentar para nossos leitores que ainda não o conhecem?
Júlio Ricardo Da Rosa - Nasci e vivo em Porto Alegre. Durante os anos 80 e 90 escrevi sobre cinema para os jornais Zero Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Escrevo histórias de aventura, mistério e terror. Sou um leitor compulsivo e adoro cinema. Acima de tudo nas salas de cinema. Sou um viajante contumaz e ao mesmo tempo gosto de ficar em casa lendo e ouvindo música.
2- No seu livro o senhor deixa bem claro a influência de Drácula de Bram Stoker no seu projeto. Poderia dizer outras mídias envolvendo os vampiros que te influenciaram e te agradam mais?
Júlio Ricardo Da Rosa - “Drácula” é o livro definitivo sobre vampiros. Todos os que foram escritos depois dele carregam sua influência. E há o cinema. Gosto muito de “Fome de Viver,” de Tony Scott, dos Dráculas da Hammer com Cristopher Lee como o conde-vampiro, de “A Hora do Vampiro,” do Stephen King, e sobretudo da adaptação que o Coppola dirigiu. No meu entender é a melhor de todas já feitas e talvez seu último grande filme.
3- Já tivemos outras histórias de vampiros em solo brasileiro, mas o que te levou a trazer Porto Alegre como palco principal da história?
Júlio Ricardo Da Rosa - Porto Alegre tem o cenário ideal. Sombria, a geografia acidentada, a mistura de imigrantes de várias partes do mundo, o outono e o inverno frios e cinzentos, os vários bairros com características distintas, está tudo pronto.
4- Atualmente muitas histórias de vampiro trazem uma visão mais romantizada ou criam sociedades vampirescas secretas, porém, seus vampiros são mais bestiais e não trazem nenhum resquício de humanidade. O que te levou a escrevê-los desse jeito?
Júlio Ricardo Da Rosa - Estas adaptações romantizadas são filmes para adolescentes e do pouco que vi, muito ruins. Monstros são manifestações do inconsciente. Existem os reais, os assassinos como o Maníaco do Parque, os criminosos cruéis, e os imaginários, que são os fantásticos. Nestes últimos reside uma possibilidade enorme de fabulação. Veja o final do “Inverno do Vampiro.” Paira uma dúvida. É este o ponto mais fascinante do gênero, no meu entender. Há um filme maravilhoso,”Os Inocentes,” do Jack Clayton que explora esta possibilidade com perfeição.
5- No futuro podemos esperar outras histórias em Porto Alegre?
Júlio Ricardo Da Rosa - Meus livros sempre tem Porto Alegre como cenário, mesmo que parte da ação aconteça em outros lugares do mundo, o final é aqui. Ao menos foi o que aconteceu até agora. Ao menos foi o que aconteceu até agora. Como disse acima, gosto de viajar, mas sempre volto.
6- E como foi trabalhar sua cidade natal em uma história de terror?
Júlio Ricardo Da Rosa - Não foi a primeira história neste gênero que escrevi tendo Porto Alegre como cenário. No livro, descrevo a enchente de 1941, que não vivi, imagine o material rico que ficou da experiência com a enchente deste ano. O que uma cheia desta proporção pode trazer a tona? A falta de luz, a imobilidade, sem aeroporto, o cenário é perfeito.
7- Agora, o senhor pode dizer onde podemos te encontrar e acompanhar seus trabalhos?
Júlio Ricardo Da Rosa - Meu livros mais recentes podem ser adquiridos no site de AVEC editora ou nas livrarias, físicas e virtuais. Os romances que publiquei pela editora Dublinense estão esgotados. Tenho um blog, viagensimoveis.wordpress.com em que escrevo sobre filmes, livros e as vezes publico alguma ficção. Estou também nas redes sociais, mas com enorme moderação.