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CHAPPIE

Por: Dino Lucas Galeazzi

Título Original: Chappie (África do Sul/EUA, 2015)
Direção: Neill Blomkamp
Roteiro:  Neill Blomkamp, Terri Tatchell
Elenco: Sharlto Copley, Dev Patel, Sigourney Weaver e Hugh Jackman.
Duração: 114 min.


Joanesburgo, África do Sul.


Em um futuro muito próximo, a polícia decide combater o crime através do auxílio de entidades robóticas avançadas, chamadas de escoteiros. Logo, os criminosos da cidade encontram-se encurralados pela força esmagadora dessas unidades mecânicas, ideadas por Deon Wilson, um brilhante engenheiro da indústria Tetravaal. Entre as poucas gangues que sobrevivem ao progresso tecnológico, encontramos aquela antagonista guiada por Hippo, violento criminoso que não conhece piedade, e aquela formada por Ninja, um bandido drogado, Yolandi, sua excêntrica parceira, e Amerika, um assaltante hispânico. Durante um confronto armado entre esses dois grupos com a polícia, o escoteiro número vinte e dois fica gravemente danificado. Encoberta pelas chamas de uma explosão, a bateria do robô funde-se a sua estrutura, tornando-o um objeto inútil.



O filme começou há poucos minutos, mas os elementos de Neill Blomkamp já estão presentes: ficção científica, contexto distópico, tecnologias avançadas e crueldade humana.


Transposição cinematográfica de um curta-metragem de 2004, "Chappie" traz às telas o terceiro esforço do jovem artista sul-africano. O diretor de "Distrito 9" (2009) demonstra de estar engajado numa luta para enaltecer o gênero da ficção científica, certamente abalado pela saturação de super-heróis e pelos melodramas futurísticos para adolescentes.


Em analogia ao criador do filme, temos o nosso inventor: Deon Wilson. O engenheiro, seqüestrado pela gangue do Ninja, será obrigado por eles a modificar a mente do escoteiro danificado, implantando-lhe uma inteligência artificial para que seja iniciado ao crime. Com uma carga que lhe bastará somente para viver mais cinco dias, o robô retorna à vida e é batizado de Chappie. O ex-policial de metal agora age como uma criança: é curioso, puro e em busca de afeto. A força da obra reside na rapidez e na brutalidade com que sua inocência se desmancha em face à criminalidade.



Assim que o protagonista robótico insere-se num improvisado contexto familiar, o alvo da crítica do filme torna-se evidente: a negligência do ser humano. Não importa que se trate de uma índole soberba ou da cegueira pelo ganho fácil, pois, ao longo da película, nenhum dos personagens age pensando nos possíveis efeitos colaterais de suas escolhas. Deon, como um deus falaz, despreocupa-se pela dor que sua criação irá sentir ao descobrir a proximidade da morte; Ninja, como um pai cruel, não leva em conta a reação violenta de um filho diante de suas mentiras; Yolandi se depara com suas fraquezas assim que decide ser uma mãe carinhosa.


Portanto, não são poupadas críticas à humanidade, que questiona a tecnologia somente quando esta danifica seu sistema social.


O diretor sul-africano também nos alerta sobre os parasitas sociais que se aproveitam dos períodos de crise para nos manipularem.



De fato, enquanto o andróide move seus primeiros passos nas violentas periferias de Joanesburgo, outro vilão se insere na história: movido pela inveja, o engenheiro Vincent Moore planeja destruir a carreira de seu colega Deon, que sempre lhe roubou o sucesso almejado.


Após ter removido a força o chip de segurança situado na cabeça de Chappie, esse cínico inimigo não hesitará em desativar os demais escoteiros em serviço, jogando a cidade no caos, podendo, assim, satisfazer seu desejo: matar Deon.


Em fim das contas, trata-se de um filme emocionante, que aborda uma temática já tratada em várias películas, mas que o faz de forma inovadora. Todavia, a obra de Blomkamp está longe de ser considerada perfeita: além do desfecho irreal e forçadamente alegre, o filme coleciona inúmeros erros, como, por exemplo, o ritmo frenético e a vacuidade de seus personagens, alguns reduzidos a meras caricaturas.


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| 1477 | 23/11/2019
O diretor de "Distrito 9" (2009) demonstra estar engajado numa luta para enaltecer o gênero da ficção científica, certamente abalado pela saturação de super-heróis e pelos melodramas futurísticos para adolescentes.
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