Título Original: The Hole in the Ground
Direção: Lee Cronin
Roteiro: Lee Cronin, Stephen Shields
Produção: Savage Productions, Bankside Films
Distribuição: A24
Elenco: Seána Kerslake, James Quinn Markey
Duração: 90 min.
Culturalmente mais interessante e cheia de folclores que a Inglaterra, a Irlanda apresenta vez ou outra obras no mínimo intrigantes, ainda que falhas. The Hole in the Ground (2019) é o primeiro longa-metragem do irlandês Lee Cronin, exibido pela primeira vez em Sundance no final de Janeiro e lançado oficialmente na Grã Bretanha e Estados Unidos no início de Março. A história trata de uma mulher recém separada e seu filho, que se mudam para uma casa no campo. A floresta vizinha abriga um estranho buraco de areias movediças, que chama a atenção após a criança fugir entre as árvores. Dias depois do ocorrido, a mãe percebe diferenças de comportamento no filho, até acreditar que tem em sua casa uma cópia aperfeiçoada em todos os aspectos de maneira aterradora.
A primeira impressão após dez minutos de filme é que a qualidade das imagens captadas com a famosa câmera Arri Alexa Mini irá garantir uma apreciação estética realmente satisfatória, em um color grade que condiz com a bela arte do cartaz. Durante esse tempo, as informações que o roteiro engloba são cruciais, bem pontuadas; cada cena é, sem duvida alguma, essencial. Nos próximos 50 minutos, no entanto, o roteiro escrito pelo diretor em conjunto com Stephen Shields (coterrâneo dublinense com experiência em dramas televisivos) intercala bons e necessários momentos com aleatoriedades repetitivas para confirmar o que já sabemos. O filme culmina em 30 minutos finais que perpassam uma já esperada revelação - dando uma guinada no que já se tornava monótono para se perder mais uma vez em caminhos subterrâneos desnecessários e/ou desinteressantes. Tudo muito óbvio e vazio apesar de bem filmado.
Observa-se o interesse da A24 em investir na distribuição de material semelhante em tom a aquilo que já produz; no entanto com o foco somente em ambientação e qualidade técnica, em detrimento do roteiro. Apesar de construir uma mistura interessante de ficção científica e horror psicológico sobrenatural, Hole in the Ground perde a mão frente a filmes como Babadook (2014) e ficção similar com dopplegangers como o insuperável The Thing (1982) e Invasion of the Body Snatchers (1978). As boas atuações de James Quinn Markey (o pequeno Ivar Sem Ossos da série Vikings) e Seána Kerslake parecem desperdiçadas em um material que deveria crescer com melhores amarras entre as cenas e com a possibilidade da dúvida - que apesar de fragmentos atirados aleatoriamente nessa intenção, o filme não consegue desenvolver. A atuação de Kerslake grita ao espectador: "posso simplesmente estar louca", enquanto todo o resto é feito para achatar e impedir diversos ângulos possíveis para a história. O resultado é simplesmente bonito, mas monótono.