Por Ana Lima
A III Mostra de Cinema Cine Horror BA foi finalizada com sucesso de público e execução no dia 27 de outubro de 2018. Muitas considerações positivas podem ser destacadas desta edição, dentre elas: o intenso intercâmbio com produções internacionais (a Mostra contou com longas metragens e curtas do Chile, Argentina, Portugal, México e Espanha) além da solidificação de uma parceria dinâmica com as produções nacionais e a partilha cada vez mais crescente com cineastas e produtores brasileiros. A III Edição do Festival ampliou o campo de perspectiva sobre o cinema de gênero, angariando um público diversificado e valorizando do gore ao terror psicológico e sci-fi.
O cinema não é um lugar para reflexão linear, argumentativa. Em geral, o cinema diz mais sobre o alcance reflexivo das pessoas que os filmes sugerem do que sobre o tema que pretendem tratar. A programação da III Mostra de Cinema Cine Horror foi aberta na sexta-feira (19/10) exibindo exemplares cinematográficos dos mais diversos, finalizando as sessões com a tão aguardada nova produção do cineasta Rodrigo Aragão, A Mata Negra; sessão esta que contou com o público aplaudindo de pé e reverenciando o cineasta e a sua obra. O Cine Horror acredita que o cinema de gênero nos conduz por caminhos logicamente irretocáveis, que oferecem novas perspectivas, como lentes que vestimos sobre os olhos por um momento e que, com frequência, deixam resíduos sobre a retina que ali permanece mesmo depois de removidas as lentes. Incorporar o cinema de gênero como uma experiência de metáforas, como forma de viver novos modelos de descrição, diferentes formas de ver o mundo, produz grandes benefícios à cultura cinematográfica em geral.
A III Mostra de Cinema Cine Horror retificou o efeito que os filmes de gênero produzem sob o público, por ser irreal, improvável, aparentemente ilógico, a dinâmica de tais filmes é ainda mais tocante. O que importa é a experiência a eles nos conduz – a imagem que ele projeta em nossa retina. Enquanto o cinema tradicional matém a carga cotidiana de obstáculos externos como fontes quase imperativas de enredos, o cinema de gênero se afasta dessa tendência a acusar o mundo, as pessoas e revela a natureza humana como ela é, e se satisfaz em olhar o particular. As circunstâncias, aliás, são de todo farováveis. E é esse novo olhar que o cinema de gênero tem de mostrar a "crueza das coisas", do mundo, dos homens, ou com a propensão a exponenciar as dificuldades externas é o que prende e fideliza o público. A cada edição, o evento cresce em importância e aumenta o interesse do público espectador em torno de uma programação dinâmica, além das inserções mais frequentes em diversos veículos de comunicação, tais como jornais, revistas, rádio, tv e internet.
Por Dino Lucas Galeazzi
Houve um momento, durante o bate-papo entre os diretores, em que um dos convidados perguntou de forma retórica talvez, se haveria ou não uma quarta edição do Cine Horror para o ano de 2019. Logo, uma voz se levantou das fileiras do fundo, ecoando pela Sala Walter da Silveira, e repetia três simples palavras num tom bem grave, como se fosse um mantra: - Vai ter, sim! Vai ter, sim!
Era Val Oliveira, o criador do evento.
Mais alguém do publicou falou: - Amém!
Uma menina se limitou a gritar: Uhu!
Eu sorri.
E, por que não admitir? Senti uma ponta de orgulho.
Talvez seja mais óbvio para seus aficionados, que o acompanham desde as edições passadas, do que para seus próprios organizadores, sempre atarefados, mas isso é um fato: o Cine Horror cresceu.
Talvez soe como a frase mais clichê do mundo, pronunciada num momento catártico por um Matthew McConaughey moribundo num filme do Nolan, mas acho que podemos tomá-la emprestada por um momento: toda grande jornada começa com um pequeno passo. E, nessa terceira edição, levando em conta todos os problemas, internos ou externos que fossem, podemos dizer, sem sombra de dúvida, que o passo foi gigantesco: o público aumentou, recebemos mais curtas e longas que nas vezes passadas, conseguimos mais e melhores parcerias, trouxemos gente de fora para Salvador, etc.
Por motivos mais do que óbvios, as sessões não ocorrem à meia-noite, mas o clima que permeia as projeções é de nostalgia mesclada à subversão: como não lembrar dos Midnight Movies da década de '70? Freaks, El Topo, Night of the Living Dead, The Rocky Horror Picture Show, etc. A sétima arte sabe, no seu íntimo, como precisa desse tipo de filmes. Do trash, da loucura, do desrespeito às regras, do horror absolutamente não elevado (essa é para você, Krasinski), do pré-pós-horror (e essa é para você, Rose).
Truman Capote, certa vez, disse: o bom gosto é a morte da arte.
No Cine Horror, tal frase talvez seja o nosso primeiro e único mandamento.
Por Val Oliveira
A terceira edição do Cine Horror trouxe um aumento significativo de público. A primeira semana foi muito boa em termos de freqüência. A segunda foi relativamente menos movimentada, mas já era esperado por ser véspera de eleição. Por conta de ser ano eleitoral as dificuldades foram enormes, em termos de datas, logística, apoios. Sofremos alguns revezes em nosso caminho, alguns realmente foram difíceis, mas a vontade de seguir adiante foi mais forte. Erros aconteceram, foram anotados e fomos aprendendo.
Creio que um dos fatores que apresentam em eventos como no nosso ainda é tirar a pessoa de sua casa, seu conforto e seu streaming, para ver produções desconhecidas. Nosso trabalho é de formiguinha, e vamos ganhando e aumentando nosso público. E este ano foi muito bom!! O público aplaudiu muito dos filmes que foram exibidos. Foi bom ver o brilho nos olhos de quem nem imaginava que existia o mundo dos filmes independentes, fora do esquema hollywoodiano, e até mesmo fora do cinema nacional, recheado de comédias e dramas com atores oriundos das novelas.
Um dos destaques desse ano foi, sem sombra de dúvida, a presença dos convidados, em numero ainda maior do que no ano anterior! Ficamos felizes com a presença de todos e a interação entre eles e a platéia, onde foi discutida a produção de cinema de gênero. Só temos a agradecer a presença dos diretores Lula Magalhães (PE), Marcello Trigo (PE), Roberto Beltrão (PE), Willian Prado (SP), Carlos Faria (BA), Rodrigo Luna (BA), Calebe Lopes (BA), Hilda Lopes Pontes (BA) e a atriz Thais Botelho (PE).
Sim, é complicado fazer um evento de cinema fantástico em Salvador. Muita gente ainda torce o nariz, acha que é algo menor, irrelevante. Conseguir apoio, divulgação, patrocínio (praticamente inexistente para cinema de gênero). Mas em relação ao ano anterior, nossos apoios foram ainda melhores e contamos com boas parcerias. Só temos a agradecer a: Alemto & Dom Alberti; Avec Editora; Editora Estronho; Canal Fora da Sala; RV Cultura e Arte; Pri Personalizados; Open Box Geek; Cenobita Horror Silk; O Recife Assombrado; DarkSide Books; Rádio Rock Freeday; Visuarea; Reidjou; Boca do Inferno e Heko Digital. E não podemos esquecer da Diretoria de Audiovisual (DIMAS), Fundação Cultural do Estado da Bahia e todos da Sala de Cinema Walter da Silveira.
A Mostra acabou no sábado, dia 27, após uma jornada de cinco dias, divididos em dois finais de semana, com 72 filmes sendo exibidos, entre curtas e longas!!!
Durante esse período, por vezes nos sentimos cansados, por vezes beiramos a exaustão, mas foi uma experiência gratificante!!
Fizemos com que o evento crescesse em comparação com a edição anterior, tentando sempre melhorar e agradar nosso público, e cativar novos adeptos ao cinema fantástico. O evento continua crescendo exponencialmente, e nos permite cada vez mais pensar em vôos maiores!!!
Agradecemos a todos que compareceram ao nosso evento, se divertiram e que nos apoiaram, e que curtem o cinema fantástico, seja horror, ficção, suspense.
O evento é feito para vocês!!
Já começaremos a pensar na edição de 2019!!
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