Título original: Die Verwandlung
Autor: Franz Kafka (1883-1924)
Páginas: 144
Editora: L&PM
A Metamorfose traz uma alegoria sobre a mudança de vida. Sobre a difícil tarefa de escolher e seguir um caminho diferente, quando algo ou alguém, nesse caso a família, praticamente já o traçou, sem perguntar a opinião ou desejo do maior envolvido.
Gregor Samsa é um jovem que precisa trabalhar como caixeiro viajante a fim de pagar a dívida dos pais com o gerente que o emprega, pois eles não têm mais condições, então o filho assume esse débito. O rapaz, deitado em sua cama, já no primeiro momento transformado num inseto, faz as contas de quantos anos ainda precisa trabalhar para saldar a dívida. É uma parte muito triste ver uma pessoa presa a um emprego que não faz bem, e, ao mesmo tempo, é algo tão comum que não percebemos muito. A maioria vai de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Ainda assim dá um aperto no coração, a sensação talvez venha da verdade como é descrita, como tudo caminha no texto. Gregor se coloca o tempo todo no lugar dos pais, daquele pai cruel, mas o rapaz bem poderia ter escolhido uma profissão que não exigisse tanto, e que o agradasse. Gregor logo tira esse pensamento de sua cabeça. Percebe-se que ele é uma boa pessoa, assim, se aproveitam dessa bondade de quem não sabe dizer “não”, ou às vezes nem pode.
O horror também está na cena em que o pai joga maçãs em Gregor. Franz Kafka (1883-1924), um dos grandes nomes da literatura alemã, passa a repugnância sem palavras que o Sr. Samsa sente ao ver o filho transformado, mudado, agora com escolhas. Uma das frutas fica presa em suas costas e o acompanha durante a história, o fere mais do que a ferida física – feriu também a mim, leitora – apodrece…
A Metamorfose (Die Verwandlung, L&PM, 144 páginas) é uma história repulsiva, de um jovem que desperta e se vê transformado em um inseto gigante, para a vergonha de sua família, que, ao deixá-lo preso em seu quarto, tenta escondê-lo dos olhos dos outros. Não há a descrição do inseto em que Gregor Samsa se transforma, porém se faz implícito na mente de muitos leitores que é uma barata, a imagem já está fixada desta forma.
A irmã acaba, sem que seja solicitado, cuidando daquela criatura que todos evitam. E quando não suporta mais toda a situação, tenta persuadir a família, que na realidade já pensava em se livrar dele há muito.
O descaso com que o pai trata Gregor é uma influência do pai do próprio autor, que o tratava muito mal. Kafka escreveu em 1919 Carta ao Pai (Brief an den Vater, L&PM, 112 páginas), que o pai nunca chegou a ler, publicado postumamente, em que fala sobre o que sentia em relação a ele, um livro duro.
“Eu era para ele um nada dessa espécie.”
Essa edição também traz o conto O veredicto, onde também há o medo, a loucura e a morte. Georg se sente horrorizado com o que o pai conta, tudo o que fez acaba com o filho, a quem destrata – mais uma vez o próprio pai de Kafka. A figura que se põe sobre a cama, de forma violenta, demonstra o ódio pelo filho.
George teme o pai, depois sente toda a sua ira e corre, desvairado, para ponte que observava no início. E de lá diz “Queridos pais, mas eu sempre amei vocês”.
A primeira vez que li A Metamorfose fiquei sem ar, passei um tempo em silêncio com a história fresca na mente. É desses livros que entram para a lista dos melhores. Sem dúvida A Metamorfose é um livro sensacional e deve ser lido e relido.
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Too Old To Die Young é ruptura, é pós-modernidade... é neon-noir. E por muito tempo será alvo de críticas negativas por parte de um público totalmente despreparado, o espectador médio, 100% serializado, o maratonista da Netflix, o nerd do Universo Marvel ansioso pela fase quatro.