Título Original: Happy Death Day 2U (EUA – 2019)
Direção: Christopher B. Landon
Roteiro: Christopher B. Landon, baseado em personagens criados por Scott Lobdell.
Produção: Blumhouse Productions
Elenco: Jessica Rothe, Israel Broussard, Phi Vu, Suraj Sharma, Sarah Yarkin, Rachel Matthews, Ruby Modine, Steve Zissis, Charles Aitken, Laura Clifton, Missy Yager, Jason Bayle, Caleb Spillyards, Jimmy Gonzales, Peter Jaymes Jr., Rob Mello, Kenneth Israel, James W. Evermore, Blaine Kern III, Johnny Ballance.
Duração: 100 min.
Sinopse: Depois de morrer diversas vezes para quebrar o feitiço temporal que a mantinha presa no dia de seu aniversário, Tree Gelbman (Jessica Rothe) olha para o futuro, tentando escrever uma nova história ao lado de Carter (Israel Broussard). No entanto, quando um experimento científico dá errado, a jovem é forçada a retornar ao fluxo de repetição e, desta vez, morrer não será o bastante para escapar.
A BlumHouse tem se destacado no mercado cinematográfico trazendo bons filmes nos gêneros horror e suspense, principalmente com sucessos comerciais (e artísticos) como “Corra”, “Fragmentado” e a nova adaptação de “IT”. Entre filmes com orçamento mais gêneros e orçamentos modestos, tivemos em 2017 “A Morte Te Dá Parabéns”. Com um pequeno orçamento de menos de Cinco milhões de dólares e arrecadando US$ 125,5 milhões era obvio que iria ter uma sequencia. “A Morte Te Dá Parabéns” era um filme divertido, que fundia o slasher e humor, podia ser descrito como uma mescla entre “Feitiço do Tempo” (1993), clássico com Bill Murray e Andie MacDowell, e “Pânico” (1996), dirigido por Wes Craven. A sequencia, que começa exatamente de onde parou o primeiro filme, é dirigida mais uma vez por Christopher Landon, que também escreveu o novo roteiro, que mais uma vez aborda a idéia de loop temporal, deixando um pouco de lado o slasher e abraçando descaradamente a ficção cientifica e a comédia.
O filme começa com Ryan, colega de quarto Carter, que se tornou namorado de Tree, preso em um loop temporal e com um assassino mascarado em seu encalço. Ryan, para que não lembra, era quem entrava toda manhã na hora que Tree acordava. Ele e alguns colegas, Samar e Dre, passaram anos na faculdade construindo uma máquina projetada para provar que o tempo pode ser desacelerado até o nível molecular. O mecanismo, chamado de SISSY (ou Reator Sísifo de Resfriamento Quântico em português) é o responsável pela bagunça temporal que ocorre no primeiro filme e na sua sequência. Desta vez Ryan é morto e revive o mesmo dia, que por sinal é o dia posterior aos eventos do primeiro filme. Ao ser ajudado por Tree e Carter, ele descobre que seu perseguidor é ele mesmo, e que ao ligar a SISSY, causou um problema não só temporal, mas dimensional. Um acidente faz com que Tree vá repetir (novamente) o dia do seu aniversário, mas aos poucos ela percebe as diferenças da realidade em que vive e percebe que está em uma dimensão paralela a sua. E nessa dimensão, sua mãe está viva, e Carter, seu interesse romântico, namora sua colega de fraternidade, Danielle. Com tantos detalhes alterados, e ela tendo que repetir o mesmo dia, ela começa a repensar se deve permanecer neste universo ou retornar ao seu.
“A Morte Te Dá Parabéns 2” amplia o escopo do primeiro filme, amarrando diversas pontas soltas do primeiro roteiro. O foco do filme agora é mesclar scifi com doses generosas de humor, deixando o slasher um pouco de lado (mas ainda tem a figura do assassino com máscara de bebê, não se preocupem!). Quando o humor se intensifica, mas mortes, no caso as várias tentativas de suicídio de Tree, se tornam cada vez mais divertidas e inusitadas. Os suicídios acontecem apenas para ela encurtar o loop temporal e poder se dedicar aos experimentos que a irão devolver a sua realidade.
O elenco se mostra bem a vontade, com destaque para a protagonista, Jessica Rothe. Aqui ela mostra todo o seu timing para o humor. Não ficam atrás a dupla de estudantes e colegas de Ryan, Suraj Sharma e Sarah Yarkin, como grandes alívios cômicos. Lembrando que Suraj Sharma foi o protagonista de “As Aventuras de Pi” (2012). Outro personagem que merece a atenção é a colega de fraternidade, Danielle, interpretada por Rachel Matthews, que tem cenas realmente hilárias. O único detalhe que chega a incomodar é o excesso de drama e sentimentalismo que ocorre nas cenas de Tree e sua mãe. Por vezes se torna enfandonho. Digno de nota são as referencias a cultura pop, desde a trilogia “De Volta para o Futuro”, "Repo Man - A Onda Punk" (1984), “Eles Vivem” (1988), A Origem (2010) e quadrinhos, sendo que os personagens foram criações de Scott Lobdell, escritor/roteirista, que nos anos 1990 publicou pela Marvel, DC e Image.
“A Morte Te Dá Parabéns 2” se mostra superior ao primeiro filme, por apresentar um roteiro que abraça o humor e a ficção e parodia o primeiro filme e as convenções do gênero. O diretor, que já havia nos brindado com o hilário “Como Sobreviver a Um Ataque Zumbi” (2015) brinca com a percepção do público, apresenta um produto de puro entretenimento, e deixa um o final aberto e uma cena no meio dos créditos que mostra um futuro promissor para a franquia.
"Não Olhe" é um suspense que carrega no drama e apresenta um viés mais psicológico, mas que se perde com um roteiro fraco e direção sem inspiração.