La niña de la comunión | 2023 | Espanha
DIREÇAO: Víctor Garcia
ELENCO: Carla Campra, Aina Quiñones, Marc Soler, Carlos Oviedo, Olimpia Roch, Maria Molins, Xavi Lite, Anna Alarcón, Victor Solé, Sara Roch, Daniel Rived, Jacob Torres, Manel Barceló
ROTEIRO: Guillem Clua
DURAÇÃO: 98 minutos
DISTRIBUIÇÃO: Paris Filmes
SINOPSE: A família da jovem Sara (Carla Campra) decide se mudar para o povoado de Tarragona, uma pequena localidade do interior da Espanha, com hábitos, costumes e lendas tradicionais. Durante a cerimônia de primeira comunhão da sua irmã, aparece na festa uma mãe transtornada e inconsolável a procura da filha há anos desaparecida naquelas mesmas circunstâncias. Buscando fugir do marasmo e do tédio daquele lugarejo, Rebeca (Aina Quiñones) convida sua nova amiga Sara para uma balada, onde resolvem curtir, beber e usar alucinógenos. Na volta para casa uma carona inusitada as conduzirá por caminhos estranhos onde uma súbita visão na estrada e uma misteriosa boneca abandonada mudará suas vidas de forma macabra. O Padre Manuel (Manel Barceló) parece saber muito mais sobre o desaparecimento de Marisol (Sara Roch) e a lenda da “Menina da Primeira Comunhão”, ligada a uma série de eventos sobrenaturais, assunto que o deixa visivelmente incomodado.
RESENHA:
O filme começa com a perturbadora cena do suicídio de uma jovem, dilacerando com um garfo a própria jugular, o que nos leva a dedução de que “ESSE SERÁ UM FILME DAQUELES!” (de intensas e fortes emoções). Só que não... E não mesmo!
Apesar do início pretensamente retumbante o que vemos a seguir é um filme “morno”, sem empolgação, com uma trama/enredo frágil, superficial e absurdamente previsível, onde o elenco por mais que se esforce não consegue superar a notória limitação do roteiro.
Mas... por amor ao debate e a sétima arte, vamos falar sobre a parte boa da obra. Sendo assim, merece destaque os elementos pitorescos e imaginativos, agradáveis ao público, como a atmosfera interiorana de Tarragona, e a festa de Primeira Comunhão, que consegue cativar no público a dimensão simbólica e a importância da religião católica naquela pequena comunidade local. Tudo tipicamente latino e comum a nossa cultura.
A obra é ambientada na década de 80, fortemente marcada pelo espirito rebelde e obscuro, característico de estilos como o pós-punk (no auge aquela época), tal figuração é sintetizada através da personagem Rebeca (Aina Quiñones), que acaba se tornando a melhor amiga de Sara, uma jovem recém-chegada dos centros urbanos, entediada com o acanhamento daquele povoado. Não muito demora para que ambas estejam alinhadas a procura de novas e subversivas aventuras. É quando após saírem de uma festa/balada, terem bebido e consumido alucinógenos, dois jovens Chivo (Carlos Oviedo) e Pedro (Marc Soler) cruzam seus caminhos e lhes oferecem uma carona, um tanto inusitada e pretenciosa.
Durante o caminho, após intensa discussão dentro do carro, Sara avista uma menina vestida de branco atravessando a estrada. Imediatamente associa aquela cena a lembrança da mãe desesperada a procura da filha durante a cerimônia de Primeira Comunhão, o que a faz acreditar que se trata da menina desaparecida. Mesmo incrédulos, os demais ajudam Sara a procurar a menina, mas logo se convencem de se tratar de mera “visagem”, possivelmente ainda sob efeito dos alucinógenos, mas uma misteriosa boneca abandonada, vestida com roupa de primeira comunhão é encontrada na floresta, a partir daí a vida dos que estavam naquele evento jamais voltará a ser a mesma.
PONTOS CRÍTICOS:
Até então a figura caricatural da assombração, a “Menina da Primeira Comunhão” vestida de branco, efetivamente não havia aparecido no filme, até que para nosso regozijo (isso mesmo), a dita “coisa sobrenatural/entidade fantasmagórica” aparece no banheiro e ataca a protagonista do filme (Sara). Sinceramente, merece destaque a figura da assombração, onde beira o ridículo, e em nada consegue empreender qualquer tipo de medo.
Paralelo aos tormentos e alucinações vividos por Sara, manchas começam a surgir pelo seu corpo, assim como em Rebeca, Chivo e Pedro, todos presentes na noite do “avistamento”, quando a boneca misteriosa foi levada. Dando a entender que estava assim decretada a maldição sobre aqueles jovens (tudo muito, muito previsível e clichê a essa altura do filme).
Após sucessivos episódios sobrenaturais, contudo, sem despertar qualquer tipo de empolgação, ou algo que mereça maior destaque, segue o filme, de forma precária e mecânica, através de um roteiro frágil, superficial, sem criatividade, no qual destacamos apenas a previsibilidade dos eventos.
Obviamente nenhuma crítica minimamente séria poderia deixar passar despercebida a gritante, por não dizer, aberrante referência que a obra faz ao filme “O Chamado” (2002), sobretudo na cena clássica e já mais que batida do “poço”, onde a figura cadavérica (assombração) se encontra com a protagonista sobrando apenas os restos mortais (justamente o que acontece com Samara, no filme citado). Até mesmo o falso desfecho da trama é copiado,“ipsis litteris”, remetendo acintosamente ao filme anterior. Sem mais comentários...
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