Autores: Felipe Cagno, Sara Prado, Bräo, Natália Marques e Deyvison Manes.
Páginas: 112
Editora: Avec.
Em um futuro distante, a televisão e demais mídias se tornaram obsoletas. Não existem mais séries, filmes ou vídeos, apenas sonhos. Neste universo nós podemos compartilhar nossos sonhos como lives na plataforma que dá nome à HQ, Adagio, e interagir com o público. Mas é necessário treinar para ter o controle de nosso inconsciente e conseguir moldar nossos sonhos para agradar os telespectadores. É nesse cenário que iremos acompanhar Kaya Muniz e como a realidade muitas vezes é mais assustadora do que pesadelos.
Kaya é uma jovem ambiciosa, seu maior desejo é ser famosa no Adagio e poder aproveitar do status de influenciadora digital. Porém, ela não consegue ter sonhos lúcidos como sua amiga Penélope e tenta todo tipo possível de conteúdo adicional para chamar a atenção do público. Em uma dessas tentativas as coisas saem de controle e Kay acaba tendo um pesadelo enquanto está ao vivo. Mas, o que realmente chama a atenção de nossa protagonista é que uma das visualizações vem dela mesma, como se ela fosse uma telespectadora do próprio sonho.
Nesse primeiro pesadelo a HQ nos surpreende com as aquarelas sombrias do artista Bräo, um traço que realmente traz um aspecto febril para o sonho e faz com que o leitor internalize quais sessões da história se passam nas terras oníricas e quais se passam no mundo real. Inclusive, a arte de Sara Prado consegue passar a sensação de um mundo tecnológico e dá personalidade para que cada personagem seja único e nos apresenta um casting bem diverso.
Em seguida conhecemos melhor a rotina de nossa protagonista e vemos que mesmo frequentando uma escola boa, a ideia principal de sucesso vem do reconhecimento externo e da fama de ser um dos grandes sonhadores do Adagio. Além disso, conhecemos o interesse romântico de Kaya, Damien. Um outro streamer onírico que é bastante popular e parece ter um controle incomum de seus sonhos. Depois de uma leve interação Damien convida Kaya e Penélope para uma festa na sua casa, e é nessa festa que a história da HQ realmente começa.
A trama começa a desenvolver conflitos entre personagens, uso de drogas, erotismo e diferentes graus de violências. Uma mistura que desperta o interesse do leitor, mas o ritmo da história começa a ficar muito acelerado, o que faz com que os conflitos e reviravoltas percam o impacto e pareçam elementos secundários na trama. Seria interessante revisitar esse universo em um projeto serializado ou com mais páginas.
Adagio se apresenta como uma história interessante que prende rápido o leitor, mas pelo excesso de temas e sem páginas suficientes para o desenvolvimento necessário acaba dando a impressão de que a experiência passou rápido demais. Porém, a arte e a abordagem aos temas oníricos trazem um aspecto particular a obra e fazem com que a obra fique enraizada no imaginário do leitor.
Adagio está esgotado no site da editora, mas pode ser adquirida na Amazon.
O mais novo lançamento com a atriz Kristen Stewart nos cinemas bebe na fonte de Alien (1979), sendo um filme de ficção científica enxuto, com momentos de horror, tensão e claustrofobia.