Knock at the Cabin (2023 / EUA - China)
Direção: M. Night Shyamalan
Elenco: Dave Bautista, Rupert Grint, Jonathan Groff, Ben Aldridge, Abby Quinn, Nikki Amuka-Bird, Kristen Cui.
Duração: 1h40
Sinopse: Durante as férias em uma cabana remota, uma jovem e seus pais são feitos reféns por quatro estranhos armados que exigem que a família faça uma escolha impensável para evitar o apocalipse.
É difícil não apreciar esta obra. O trabalho apresentado neste filme desenvolve os aspectos da sensibilidade humana no seu mais alto nível mais especificamente no quesito ligado a fé ao próximo. Lunáticos ou mensageiros? No que devemos acreditar hoje em dia se o nosso mundo se encontra envolto em tantas desinformações, mentiras e desconfiança para todos os lados?
Essa é a grande questão que norteia toda a obra. Questões da fé são intrigantes por si só. Estamos num mundo em que somos direcionados a ter fé no conhecimento científico já que as pessoas parecem ter abusado da “boa fé” do próximo e os deuses foram refutados. É enriquecedor ver uma família não tradicional ser escolhida para o salvamento da humanidade. Esse ponto inclusive fundamenta a descrença dos pais que apenas enxergam aquele grupo de pessoas com intenções vis de feri-los ou pior ainda, converte-los.
A narrativa se desenvolve majoritariamente na sala da cabana. Rupert Grint que tem realizado um trabalho louvável em Servant (Apple TV) sustenta bem o seu papel apesar de sua participação pontual. Dave Bautista e Kristen Cui realizam uma boa abertura da película. Dave consegue manter um personagem firme do princípio ao fim.
As descrenças, dúvidas e desconfianças são sempre levantadas por uma solução lógica dos pais que nos faz desconfiar momentaneamente da verdadeira razão daqueles estranhos, mas isso não se sustenta porque a natureza dos eventos ganha proporções assombrosas que reafirmam as intenções preliminares dos visitantes.
As questões levantadas pelos dois pais nos fazem refletir sobre o valor da humanidade. Toda essa discussão filosófica leva a um encerramento coerente e plausível dentro dos limites psicológicos de cada um dos envolvidos.
O filme se faz num bom ritmo e não abre espaço para se tornar monótono. A experiência é satisfatória para a proposta. As cenas violentas não são o foco do projeto. A direção serena de M. Night proporciona tempo suficiente para que tudo se desenvolva, seja absorvido e aceito sem pressa.
Em uma trama de suspense investigativo e aventura sobrenatural, o autor espanhol aproxima a criação máxima de Arthur Conan Doyle do mundo horripilante de H. P. Lovecraft, envolvendo a Ordem da Aurora Dourada, Aleister Crowley e um enigmático monarca, que levarão assombro e misticismo ao universo racional e lógico de Sherlock Holmes e John Watson.