Artistas: Ricardo Barreiro (roteiro) e Juan Giménez (arte)
Editora: Comix Zone
Páginas: 192
Cidades são um dos espaços mais importantes na vida da maioria dos seres humanos. É onde conhecemos novas pessoas, caminhamos por seu vasto corpo até lugares que muitas vezes nem sabíamos que existiam e onde encontramos diferentes histórias que podem nos acompanhar para o resto da vida. Mas, ao mesmo tempo que somos expostos a diversas oportunidades, também somos expostos a diversos perigos. Muitas vezes perigos que se assemelham mais a pesadelos do que a própria realidade. São dessas desventuras e imaginário coletivo que a dupla Juan Giménez e Ricardo Barreiro utilizaram para a criação de “Cidade”. Uma obra de ficção científica e aventura que dialoga diretamente com quem vive em uma grande metrópole.
No início da HQ conhecemos Jean, um parisiense médio que está preso em uma rotina enfadonha envolvendo seu trabalho como publicitário e constantes brigas com sua namorada. Após seu expediente ele se encontra com sua parceira em uma boate e lá novamente uma discussão acontece. Decidido a voltar para casa a pé, ele começa a perceber que a caminhada está mais longa que o normal e se depara com diversas lojas saqueadas, o que não combinava com a Paris que ele conhecia.
Em meio a seu devaneio, Jean é atacado por um piloto saído diretamente de Mad Max e só sobrevive graças a intervenção de Karen, uma outra sobrevivente que resgata Paul e explica a ele sobre esta nova cidade em que estão presos. A partir daí diversas narrativas com essa dupla de protagonistas se desenrolam e vamos aprendendo cada vez mais sobre os perigos desta Cidade.
“Cidade” é facilmente um dos melhores quadrinhos que li em 2023, a maneira como a obra se aproxima da realidade com o imaginário coletivo é muito intrigante. Em diversas histórias vemos paralelos com narrativas bíblicas e homenagens diretas à figuras célebres da cultura pop, mas sempre de maneiras respeitosas e entregando personalidade o suficiente para não se apoiar em simples referências. Além disso, o roteiro trabalha um sentimento de aflição constante no leitor. Muitas vezes não sabemos que perigos se espreitam entre becos e vielas, trabalhando um medo subconsciente de qualquer pessoa que viveu ou vive em uma cidade.
A obra se destaca também por suas qualidades gráficas, Giménez trabalha o preto e branco muito bem, principalmente quando envolve suas personagens. Cada expressão é passada de maneira clara e cada indivíduo possui características que os tornam únicos. Outro destaque vai para a ambientação. Já que a Cidade não obedece nenhuma lei natural ou padrão arquitetônico, cada bairro possui uma estética única, desde grandes catedrais góticas a bairros extremamente futuristas. Dando assim um frescor a mais para cada história.
Portanto, “Cidade” é uma recomendação fortíssima para todos que gostam de ficção científica e aventura. É uma obra que nos faz refletir sobre nosso dia a dia e nos instiga a pensar sobre como o mundo tem uma linha tênue entre a realidade e o absurdo.
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Go Go ainda se apresenta com uma história divertida e intrigante, o roteiro se mantém consistente e consegue entregar novidades para manter o leitor ansioso para o próximo volume.
