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CORINGA

Por: Val Oliveira

Título Original: Joker (Canadá, EUA/2019)
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips, Scott Silver.
Produção: Todd Phillips, Bradley Cooper, Emma Tillinger Koskoff.
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Bill Camp, Frances Conroy, Brett Cullen, Glenn Fleshler, Douglas Hodge, Marc Maron, Josh Pais, Shea Whigham.
Duração: 122 min.


Sinopse: Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.



 “Coringa” é o filme que o DC Universe nunca fez! E que filme magistral ele é!! Todd Phillips (Nasce uma Estrela, Se Beber não Case) traz em seu filme uma visão sombria sobre o personagem criado por Bill Finger e Jerry Robinson que nunca foi abordada nas telas. Não se engane: “Coringa” não é um filme de super-heróis e super-vilões e sim um filme sobre a condição humana, sobre como uma pessoa pode cair e ter sua alma e mente fragmentada. Um misto de thriller policial, drama psicológico e suspense. O personagem principal, brilhantemente interpretado por Joaquin Phoenix, traz uma condição neurológica (conhecida como efeito pseudobulbar) que o leva a rir descontroladamente em momentos de tensão. Trabalhando como palhaço, ele sofre com humilhações e espancamentos.
As ruas de Gotham City neste filme tem uma sintonia com a mostrada no inicio do Batman (1989) de Tim Burton mostrando ruas escuras e inseguras, mas indo muito além. A Gotham de Todd Phillips é uma New York pré Rudolph Giuliani, com o pior da raça humana perambulando noite e dia, uma cidade suja, decadente, selvagem e implacável. Encontramos ecos de Taxi Driver aqui e ali, sendo a cena mais explicita quando Fleck e sua vizinha põem os dedos na têmpora simulando um tiro na cabeça. O filme tem toda uma estética que bebe das produções dos anos 1970, tendo como referencia os cineastas da chamada “Nova Hollywood”. O logo da Warner no inicio, a tipografia do filme e a maravilhosa fotografia de Lawrence Sher emulam o padrão visual dos filmes da safra setentista (o filme se passa em 1981).  



Com um currículo composto basicamente de comédias, não se esperava que Todd Phillips entregasse um produto pesado, sujo, e transgressor. A jornada de decadência moral e mental de Arthur Fleck tem ecos do quadrinho Piada Mortal, do mago Alan Moore com arte magistral de Brian Bolland (“só é preciso um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a um lunático”) e do vórtice de violência em que mergulha Travis Bickle na obra seminal de Martin Scorcese. Outra obra do mestre Scorcese que temos como referência aqui é O Rei da Comédia (não à toa temos aqui a presença de Robert De Niro). Não à toa o filme parece uma obra dirigida por ele, com foco na transformação de Fleck, um fracassado que vive com a mãe delirante num psicopata assassino, um palhaço que não faz rir e acaba se tornando uma entidade que inspira uma revolução social que transforma Gotham num barril de pólvora. As mortes que Fleck causa são inesperadas, cruas e violentas, sem filtros e sempre on screen. Toda a humilhação que ele sofre explode em doses maravilhosas de sangue espirrando, seja derramado por tiro ou por tesouras enfiadas no crânio.



“A pior parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você se comporte como se não tivesse”. Abraçando sua condição, após ver sua vida ser destruída, e não ter mais o tratamento psiquiátrico, cortado pelo poder público, ele resolve abraçar o caos. Em sua apresentação na televisão, numa cena que é referencia direta ao segundo numero da minissérie Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, Fleck agora já se identificando como Coringa, discursa contra a sociedade que criou um monstro como ele, justamente por ter ignorado suas patologias. A alta sociedade, cujo símbolo maior é Thomas Wayne que o ignorou, assim como ignora outras almas desesperadas numa cidade decadente é o alvo de suas palavras. A cidade que já estava em clima de guerra se volta à barbárie. O palhaço acendeu o rastilho e Gotham queima. Anarquia: a violência encontrou o seu símbolo. De alguém agredido, ele passa a ser o agressor. E num beco escuro, o caos que reina a cidade, torna uma criança órfã.


 


“Coringa” é a melhor representação do personagem no cinema, sendo uma evolução de tudo que foi personificado nos filmes anteriores, com um foco no aprofundamento em sua psique. O excelente trabalho de Todd Phillips tenta responder “o que poderia tornar uma pessoa um louco homicida?” e nos brinda com uma espetacular produção.


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/coringa?id=452
| 1237 | 02/10/2019
"Coringa" é o filme que o DC Universe nunca fez! E que filme magistral ele é!!
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