Atualmente, H.P Lovecraft é um dos autores mais populares no ramo do terror. Sua maneira de abordar o medo primordial do desconhecido segue de influência para diversos autores contemporâneos e para muitos outros artistas de diferentes ramos.
A figura de Cthulhu e outras criaturas de seu panteão cósmico são constantemente homenageadas em todo tipo de mídia, logo, não é surpresa o fato de seus contos originais encontrarem novas encarnações em mãos de diferentes artistas. Este é o caso de Ar Frio, um conto publicado originalmente em 1928 que em 2021 ganha uma nova abordagem roteirizada por Romeu Martins, ilustrada por Val Oliveira e lançada pela editora Skript.
Na trama acompanhamos um personagem anônimo em sua adaptação ao novo ambiente que é Nova York. Nosso protagonista compartilha diversas semelhanças ao próprio Lovecraft, já que ambos viveram a maior parte de sua vida em uma cidade pequena e não estavam preparados para a grande mistura cultural da nova cidade; o fato do protagonista trabalhar em uma editora de contos fantásticos e constantemente reclamar da dificuldade que é viver da literatura pulp; e possuir uma saúde frágil.
Ao longo da HQ, nosso protagonista se encontra com o Dr. Muñoz, seu vizinho, que o ajuda durante um ataque cardíaco. É a partir daqui que o terror e a ficção científica de Lovecraft realmente começam. A trama vai aos poucos apresentando as excentricidades do Dr: a necessidade de se manter em baixas temperaturas e alguns comentários sobre sua longevidade, tais características cativam o protagonista, que logo se transforma em seu assistente.
A partir daí começamos a entrar na loucura de um homem obcecado em se manter vivo, mesmo que o preço seja sua própria humanidade. Algo que a arte da obra realça bastante, os personagens vão sofrendo transformações físicas muito bem representadas pelo traço de Val Oliveira e os quadros da obra são adaptados para cubos de gelo e outros objetos que se mesclam bem à temática da história.
O trabalho gráfico também se destaca, já que a decisão de usar tons cianos realça o tom mórbido e misterioso da obra. O texto de Romeu Martins é fluido e traz emoção aos personagens, fazendo com que o leitor sinta o quão vivo é o mundo da história.
Em conclusão, Ar Frio funciona tanto para quem deseja conhecer o trabalho de Lovecraft quanto para leitores veteranos. A editora Skript faz um ótimo trabalho em adaptar o conto para uma nova mídia e expandir o acervo de obras do autor em solo nacional.
Onde Comprar:
A Editora Estronho, através da coleção Cinema Estronho, nos brinda com um livro de mais de 600 páginas sobre os bastidores da saga Planeta dos Macacos.
