DRÁCULA: A ÚLTIMA VIAGEM DO DEMÉTER

TÍTULO ORIGINAL: The Last Voyage of the Demeter | Ano de Lançamento 2023 | EUA, Reino Unido, Malta, Itália, Alemanha

DIREÇÃO: André Øvredal
ELENCO: Corey Hawkins, Aisling Franciosi, Liam Cunningham, David Dastmalchian, Chris Walley, Jon Jon Briones, Stefan Kapicic
ROTEIRO: Bragi F. Schut, Zak Olkewicz, Bragi F. Schut
DURAÇÃO: 119 minutos
DISTRIBUIÇÃO: Universal Studios

SINOPSE: Baseado em um fragmento do livro Drácula, obra principal de Bram Stoker, o filme conta a fantástica história do navio Deméter em sua última viagem, onde uma terrível criatura é transportada em meio a cargas particulares com destino a Londres.  Estranhos eventos acontecem com sua tripulação, que tenta sobreviver à viagem em meio a tormentas e desafios dos mares, com a presença impiedosa do senhor das trevas a bordo.

RESENHA:

Um regozijo para quem admira a emblemática obra de Bram Stoker, aqui contada de forma digna, com roteiro muito bem estruturado, personagens com perfis psicológicos significativos na justa composição da trama, além de uma belíssima fotografia que remete as navegações no final do Século XIX. E obviamente a história do Conde Drácula contada de forma ainda inédita nas telas do cinema.

A trama se inicia com o carregamento do navio Deméter, uma antiga embarcação comandada pelo Capitão Eliot (Liam Cunningham), que conta com alguns homens contratados para a viagem, o pequeno Toby (Woody Normam), Clement (magnificamente interpretado por Corey Hawkins) e Anna (Aisling Franciosi), que aparece misteriosamente no navio e cuja presença é motivo de desconfiança e temor por parte da tripulação.

A narrativa traz dilemas que criam por consequência elos de empatia com os personagens envolvidos, importante para estabelecer o fio condutor da história, como no caso de Clement (Corey Hawkins), um jovem negro inglês, formado em medicina, desiludido com as desigualdades evidenciadas na sociedade de fins do Século XIX. Outro personagem que também vive um dilema de destaque na narrativa é o experiente Capitão Eliot (Liam Cunningham) que realizará sua última viagem no comando do Deméter e sonha com a aposentadoria em “terra firme” na Irlanda onde pretende dar continuidade a criação do amado neto Toby (Woody Normam), órfão da sua filha (apenas citada no filme).

Incrementando a narrativa, temos uma tripulação pequena, entretanto, diversa e conturbada, onde misteriosamente surge uma mulher (Anna) que permanecerá sob os cuidados do jovem médico Clement e alertará a todos quanto aos perigos naquele navio.

A obra traz ainda bons momentos de tensão, apreensão e uma pitada relevante de drama, obviamente advindo da tão vasta literatura inglesa de fins do Século XIX, em sendo fiel a obra que deu origem, não poderia deixar de ser diferente. Aqui as relações de afetividade assumem a necessária característica dos romances e são facilmente percebidas, quer seja na relação do capitão com o seu neto, de Wojchek (David Dastmalchian) com o Navio, e no decorrer da obra do próprio Clement com o seu destino que passa a ser ressignificado a partir do surgimento da misteriosa Anna na trama.

O suspense assume maior notoriedade se sobrepondo ao terror, a figura do próprio Drácula aparece esporadicamente e de forma pontual, dando margem para que o leque de possibilidades dentro da narrativa explore os ricos perfis psicológicos dos personagens envolvidos.

Um excelente filme, com enredo, narrativa, fotografia e produção acima da média e que mantem viva a lendária fama do Drácula nos cinemas. Considero um dos melhores filmes lançados em 2023, até aqui. Ressaltando ainda que sem dúvidas esse tem sido um ano generoso para o público fã do gênero suspense/terror.

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