DIGITE ABAIXO SUA BUSCA

DUNGEONS & DRAGONS - HONRA ENTRE REBELDES

Por: Guilherme Paim

Dungeons & Dragons, Honor Among Thieves, 2023, EUA.
Direção:
Jonathan Goldstein, John Francis Daley.
Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Michael Gilio.
Elenco: Chris Pine, Michelle Rodriguez, Justice Smith, Hugh Grant, Regé-Jean Page, Sophia Lillis.
Duração: 2h14min.


Sinopse:Após anos na prisão, a dupla de comparsas Edgin e Holga escapam da sua sentença afim de procurar a filha de Edgin, Kira, que se encontra sob os cuidados de um antigo cúmplice da dupla, Forge. Durante o reencontro, os aventureiros descobrem terem sido traídos pelo antigo aliado, que estava em conluio com um dos vilanescos Magos Vermelhos, o que os leva a reunir seu antigo grupo afim de derrotar o trapaceiro e desvendar os sinistros planos dos Magos Vermelhos e seu ex-aliado.



Ao conhecer o universo de “Dungeons&Dragons”, o clássico RPG de mesa, é fácil se perder em décadas e mais décadas de conteúdos, mapas, personagens e expansões. A vastidão do universo de fantasia desenvolvido para o jogo pode ser intimidadora para qualquer um interessado em produzir histórias derivadas, especialmente quando se trata de filmes, que têm um limitado espaço de tempo para amarrar uma narrativa inteira.


Ironicamente, “Dungeons&Dragons: Honra entre Rebeldes” mostra que a resposta para fazê-lo está justamente em emular a simplicidade de um grupo de amigos se divertindo em uma aventura sem grandes complexidades, o que não significa que se trata de uma história sem peso ou consequência.


O filme conta a história de Edgin (Chris Pine) e Holga (Michelle Rodriguez), que se encontram cumprindo pena após uma tentativa mal sucedida de roubar artefatos que pertenciam à ordem dos Harpistas, uma sociedade dedicada a proteger inocentes e preservar a história do mundo que os personagens habitam. Logo vemos que, apesar de se encontrarem frequentemente do lado errado da lei, os protagonistas têm um código próprio e têm uma bússola moral bastante funcional.



Após escaparem e se reencontrarem com a filha de Edgin,Kira (Chloe Coleman), e um de seus antigos comparsas, Forge (Hugh Grant), os protagonistas percebem que o golpe fracassado tinha uma trama muito mais complexa do que haviam se dado conta, estando seu velho amigo envolvido profundamente na situação que os levou ao cárcere, em conluio com Sofina (Daisy Head), uma maga maligna com objetivos que ameaçam até mesmo o próprio cúmplice. Agora os heróis precisam reunir um grupo de confiança para não apenas retaliar a traição, mas também salvar a Kira e todo um reino.


A trama simula bem uma campanha de RPG, repleta de momentos de desenvolvimento onde cada um do grupo tem a oportunidade de mostrar seu brilho próprio. As interações entre todos do grupo principal lembram bastante o que se observa em mesas de amigos que estão envolvidos em seus respectivos papéis.



Com direito a diálogos cômicos e até mesmo planos furados, partes amadas da experiência do RPG de mesa se fazem presentes ao longo do filme. Há muitos arquétipos já encarados como clássicos até mesmo de outras encarnações do universo, como o mago talentoso e desajeitado, uma guerreira durona e competente com um coração de ouro e principalmente o canalha bem-intencionado, que Chris Pine encarna de forma sensacional.


Esse bom desenvolvimento se deve não só a um roteiro competente, mas também ao fato de que os atores escolhidos potencializam bastante as personalidades de todos os personagens, algo que é possível observar tanto nos protagonistas quanto nos vilões, com destaque para Hugh Grant como Forge, que encarna perfeitamente as feições de um antagonista canalha, o arquetípico canastrão carismático. Michelle Rodriguez também parece ter encontrado o perfeito papel de guerreira durona, e é bom vê-la em um papel com mais iniciativa no enredo.



Um enredo simples, no entanto bem servido de pequenas surpresas e revelações e que não deixa a desejar quanto a coesão e conteúdo que preenchem muito bem os 134 minutos de duração do filme, que conta com um bom ritmo em geral, exceto por parte do segundo ato, que acaba freando um pouco o ritmo em função de uma melhor exposição de eventos que antecedem a aventura, além de mostrar os aventureiros em uma masmorra, algo relevante à mitologia do universo. Ao final da primeira metade, no entanto, o ritmo volta a se assemelhar mais com o que se pode ver nos primeiros 35 minutos.


Essa fórmula acaba funcionando bem para mostrar de relance vários aspectos do universo fantástico, desde como as pessoas interagem entre si, levando em conta diferentes espécies e alianças políticas, até a diversidade de ambientes que podem ser encontrados, dentre desertos, montanhas, planícies esverdeadas e até mesmo terras arrasadas e intempestivas.


Todo esse contexto é muito bem complementado por um belo esquema de cores, uma paleta muito viva, clara, além de jogos de câmera muito competentes e que sabem diversificar entre valorizar a ação, o diálogo e a vista da paisagem, com até mesmo cenas menos agitadas prendendo muito bem a atenção do público. Os efeitos especiais também não deixam a desejar, com raríssimos momentos de estranheza e uma boa mistura de efeitos práticos e computação gráfica.


Um filme divertido, que mostra um tremendo carinho e respeito pelo seu material-base e encapsula muito bem a essência do que o inspirou, “Dungeons&Dragons: Honra entre Rebeldes” não é a primeira e dificilmente será a última tentativa de adaptar o universo do RPG medieval da Wizards ofthe Coast para as grandes telas, mas certamente é um forte concorrente à mais bem sucedida. É sem dúvidas um excelente começo para o que pode ser uma série de aventuras igualmente divertidas explorando diferentes aspectos e regiões do mundo fantástico desenvolvido ao longo de muitas décadas.


 

Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/dungeons-e-dragons-honra-entre-rebeldes?id=973
| 1302 | 12/04/2023
Um filme divertido, que mostra um tremendo carinho e respeito pelo seu material-base e encapsula muito bem a essência do que o inspirou.
VEJA TAMBÉM

O HOMEM INVISÍVEL

A nova versão para a adaptação de O Homem Invisível é um filme tenso, assustador e dramático, tratando sobre relacionamentos abusivos, possessividade e loucura.

Desenvolvimento:
Design gráfico, sites e sistemas web.
Contate-nos!