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GRANDE SERTÃO

Por: Stephanie Nascimento

 


Brasil, 2024
Direção: Guel Arraes
Roteiro: Guel Arraes, Jorge Furtado
Elenco: Caio Blat, Luisa Arraes, Rodrigo Lombardi.
Duração: 108 min.


Sinopse: Numa grande comunidade da periferia brasileira chamada “Grande Sertão”, a luta entre policiais e bandidos assume ares de guerra e traz à tona questões como lealdade, vida e morte, amor e coragem, Deus e o diabo. Riobaldo entra para o crime por amor a Diadorim, mas nunca tem a coragem de revelar sua paixão. A identidade de Diadorim é um mistério constante para Riobaldo, que lida com escolhas morais e dilemas éticos, enquanto busca entender seu lugar no mundo e sua própria natureza. Nesse percurso transcorre as batalhas e escaramuças da grande guerra do Sertão.


 


Dirigido por Guel Arraes e também roteirizada por Arraes e Jorge Furtado, Grande Sertão (2024), é uma adaptação do clássico da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. O filme estabelece uma releitura do sertão nordestino adaptando tal cenário para a realidade urbana, a favela “Grande Sertão” controlada por uma facção criminosa.


A partir da guerra urbana que envolve bandidos, polícia, questões políticas e a população de Grande Sertão, Riobaldo (Caio Blat) se ver seduzido a entrar nesse conflito ao lado do seu misterioso amor de infância Diadorim (Luisa Arraes), tendo que lidar com sentimentos conflitantes que colocam em cheque a sua ética, bem como os sentimentos pelo seu misterioso amor.


O filme se inicia com Riobaldo ainda criança nos apresentando a Grande Sertão e a dinâmica estabelecida naquela comunidade, o olhar inocente de uma criança que em suas andanças pelo local se encanta por Diadorim, que aparece e desaparece diante dos olhos de Riobaldo, e durante muito tempo passa a fazer parte apenas da sua memória. O olhar da criança é substituído pelo olhar do adulto Riobaldo, agora professor, que narra toda a história de Grande Sertão a partir da sua perspectiva.



 


O personagem de Caio Blat conversa com o espectador, narrando os fatos como se faz um contador de história do Sertão, anunciando o que irá acontecer e revelando suas dores e delícias, assim como acontece na obra original.


Para os mais ansiosos pelas cenas de ação, Grande Sertão entrega armas, dor, sangue e morte na medida ideal em que balanceia paixão, desejo e esperança presentes na disputa pelo controle do Grande Sertão.


O filme torna-se curioso ao adaptar a obra de Guimarães Rosa aos dias atuais sem perder a sua essência poética e teatral, o que em alguns momentos pode parecer peculiar para aqueles que esperam um filme fiel ao livro ou para outros que esperam uma obra totalmente moderna. Arraes e Furtado optaram por unir a imagética urbana junto ao texto de Guimarães, referências de cordel e a carga dramática teatral muito bem executada por um elenco de peso, que além dos já citados Caio Blat e Luisa Arraes, destaca-se Rodrigo Lombardi (Joca Ramiro), Luiz Miranda (Bebelo)  e  com uma atuação irretocável o Eduardo Sterblitch (Hermógenes).


 


Como grande parte das adaptações da literatura para o cinema, a história tende a perder consistência ao não se aprofundar nas dinâmicas estabelecidas na obra original de Guimarães Rosas, o que diminui a sua qualidade quando colocada em comparativo por aqueles que já tiveram acesso ao livro, mas não quando analisada enquanto obra cinematográfica brasileira, podendo ser uma porta de entrada para aqueles que desconhecem a literatura no qual foi inspirada. Contudo, enquanto leitora faz pensar que poderia ser melhor.


Nota: 7/10


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/grande-sertao?id=1158
| 479 | 04/06/2024
Dirigido por Guel Arraes, Grande Sertão, é uma adaptação do clássico da literatura brasileira, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
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Um dos aspectos mais relevantes da produção é o adensamento do suspense construído por escalas gradativas.

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