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INDIANA JONES E A RELÍQUIA DO DESTINO

Por: Ivan Rios (O Mago Supremo)

Indiana Jones and the Dial of Destiny| 2023 | EUA
DIREÇÃO:
James Mangold
ELENCO: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Mads Mikkelsen, Thomas Kretschmann, Boyd Holbrook, Toby Jones, Shaunette Renée Wilson, Antonio Banderas, John Rhys-Davies.
ROTEIRO: James Mangold, Jez Butterworth e John-Henry Butterworth
DURAÇÃO: 142 minutos
DISTRIBUIÇÃO: Walt Disney Studios


SINOPSE: Em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, Indiana Jones (Harrisson Ford), famoso arqueólogo, professor e aventureiro, embarca em mais uma missão inesperada. Neste retorno do herói lendário, no ano de 1969, em meio ao cenário marcado pela Corrida Espacial e a Guerra Fria, Indiana Jones encontra-se em uma nova era, se aproximando da aposentadoria.


Ele luta para se encaixar em um mundo que parece tê-lo superado. Mas quando as garras de um mal muito familiar retornam na forma de um antigo rival, Indiana Jones deve colocar seu chapéu e pegar seu chicote mais uma vez para garantir que um antigo e poderoso artefato não caia nas mãos erradas.


Mas, desta vez, ele tem o sangue de uma nova geração para o ajudar nas suas descobertas e na sua luta contra o vilão Jürgen Voller (Mads Mikkelsen). Acompanhado de Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), o arqueólogo corre contra o tempo para recuperar a relíquia que pode mudar o curso da história.


 


RESENHA:


Importante pontuar que Indiana Jones e a Relíquia do Destino, do diretor James Mangold, é a despedida de tudo o que a saga significou para o cinema de aventura, o que para os mais nostálgicos (como é o meu caso) traz um elevado peso simbólico. No entanto, algo que é digno de admiração na saga Indiana Jones é sua autodeterminação e independência roteiristica, ou seja, ninguém é obrigado a assistir e compreender anos de história e todos os episódios envolvendo o personagem central para que a obra seja compreendida. Isso se consagra como uma grande virtude, inclusive de notório respeito ao público, em tempos em que somos assoberbados com inumeráveis sequencias de franquias que insistem não ter fim, até o limite perder sua própria essência e sentido. “Histórias acabam...”, devemos admitir.


 


Sem mais delongas, vamos a obra propriamente dita. O diretor James Mangold não tem nem de longe a habilidade de Steven Spielberg, o que fica evidente na desnecessária ênfase dada à velhice do personagem central, o que torna o filme muito mais triste do que desafiador, ou por vezes engraçado, o que sempre foi característico do personagem. Tal decisão desacertada faz com que boa parte do longa se concentre na despedida de Indiana Jones ao invés de contar a incrível história proposta na trama. Com mais erros do que acertos, a direção desperdiça oportunidades e cenas emocionantes em favor de um tom sóbrio, por vezes chato, em desacordo com sua figura central e os personagens envolvidos, alguns personagens perceptivelmente desnecessários a narrativa.


Mas para contextualizar o declínio atual do personagem, o filme remonta suas incursões juvenis, com um Harrison Ford recriado digitalmente, em uma abertura de inspiração retrô onde ele terá que impedir que as tropas nazistas roubem inúmeras relíquias históricas. Ele cumprirá tal façanha acompanhado de seu amigo Basil (Toby Jones) e lá conhecerão o misterioso cientista, Dr. Völler (Mads Mikkelsen) que tem em sua posse parte de um estranho artefato construído pelo próprio Arquimedes,com a habilidade de viajar através do tempo. Segundo a Gestapo, sua utilidade não é apenas fazer cálculos matemáticos ou prever terremotos. Na realidade, o mecanismo também é capaz de encontrar rachaduras no tempo/espaço. Que nada mais são do que intervalos temporários que quebram a linha cronológica normal.


 


Após um início frenético, a narrativa retorna ao Indiana Jones, reduzido a um velho anacrônico, em vias de se aposentar, afastado de todos os parentes e amigos, amargo e mal-humorado, em nada parecido com a versão tradicional. O roteiro de Jez e John-Henry Butterworth, David Koepp e James Mangold é sofrivelmente ineficaz na medida em que o torna irreconhecível, promovendo o que deveria ser a descrição de sua última idade no cinema em um passeio por suas fraquezas, enxertando a obra com cenas confusas, totalmente desnecessárias e personagens idem.


No contexto histórico, estamos no final dos anos sessenta, o homem acaba de pisar na Lua e Indiana parece não ter mais lugar neste mundo. Tornou-se uma figura ultrapassada, saudosista, melancólica, corroído pela culpa, pela morte do filho e sozinho, após a separação do amor de sua vida, Marion (Karen Allen).


 


Pouco ou quase nada resta do explorador impulsivo, cheio de energia e inteligência. Em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, parece que o arqueólogo volta às telas cansado. A trama superestima todas as suas mazelas e problemas, em vez de focar em seu caminho para superá-los, o que seria certamente uma maravilhosa e sensata alternativa ao dilema posto. Na contramão de todas as alternativas viáveis a direção e roteiro optam por um filme desnecessariamente extenso, cansativo e ineficaz.


Sinceramente as sequências iniciais de Indiana Jones e a Relíquia do Destino sugerem um filme melhor do que é capaz de se desdobrar. As melhores partes acontecem quando Indiana e Helena (sua afilhada) trabalham juntos. Existe uma química poderosa entre os dois e o aventureiro é a figura paterna de uma personagem com características marcantes. Mas o roteiro é escrito de maneira tão desajeitada e tão focado na velhice que até essa virtude desaparece.


Em particular, destaca-se a magnifica atuação de Mads Mikkelsen, interpretando Jürgen Völler, vilão central, um cientista com ideias muito claras – e sinistras de mudar historicamente os rumos da Segunda Guerra Mundial, é sem sombra de dúvidas no meio de tantos desacertos narrativos, o personagem mais sólido da trama.


 


Em suas últimas cenas, e após a frustrada tentativa de surpreender no roteiro, o filme deixa uma evidente lacuna narrativa, que denota uma preguiça imperdoável e sem precedentes, repleta de incógnitas e ilogicidades. Invariavelmente, esse é um problema incômodo de analisar no desfecho da obra e que não é necessário ser nenhum crítico contumaz para obter tal constatação. Sinceramente, em respeito a tudo aquilo que representa, a obra merecia um desfecho mais digno.


Assim, de forma um tanto melancólica, me despeço da saga que marcou de maneira singular parte da minha adolescência, fazendo de mim um apaixonado a ponto de me inspirar a seguir a graduação no curso de História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB).


INSTAGRAM: @ivansouzarios


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/indiana-jones-e-a-reliquia-do-destino?id=1017
| 430 | 28/06/2023
Neste retorno do herói lendário, no ano de 1969, em meio ao cenário marcado pela Corrida Espacial e a Guerra Fria, Indiana Jones encontra-se em uma nova era, se aproximando da aposentadoria.
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