Jurassic World: Dominion, 2022, EUA
Direção: Colin Trevorrow
Roteiro: Emily Carmichael, Colin Trevorrow e Derek Connolly
Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Justice Smith, Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum, DeWanda Wise, Isabella Sermon, Mamoudou Athie, B. D. Wong.
Duração: 2h 26min
Sinopse: Quatro anos após a destruição da Isla Nublar, os dinossauros agora vivem – e caçam – com os humanos pelo mundo. Esse frágil equilíbrio remodelará o futuro e determinará, de uma vez por todas, se os seres humanos continuarão sendo os principais predadores em um planeta que agora compartilham com as criaturas mais temíveis da história. Logo, os avanços tecnológicos caem nas mãos erradas quando um gigante farmacêutico se envolve em uma conspiração bioquímica.
Jurassic World: Domínio mostra um mundo em que humanos e dinossauros tentam conviver após a fuga deles de Nublar no filme anterior (Jurassic World: Reino Ameaçado). Fora das cercas e do ambiente em que foram criados, os dinossauros se espalham pelo mundo, criam seus espaços tanto em ambientes selvagens, inóspitos, quanto nas pequenas e grandes cidades, convivendo com animais e humanos, disputando, algumas vezes, o mesmo espaço. A abertura do filme, com um dinossauro aquático atacando um barco pesqueiro emula um ataque do Godzilla. Nesse mundo com tantas possibilidades e uma boa dose de perigo, surge o conglomerado farmacêutico chamado BioSyn (um nome sugestivo) tomando a frente da exploração dos dinossauros, alegando que se destinaria ao avanço da humanidade. Com o surgimento de uma devastadora nuvem de gafanhotos gigantes, com parte de DNA pré-histórico, cai sobre a BioSyn a suspeita de alterar geneticamente os gafanhotos gigantes para que eles devorem de plantações de quem não usa as suas sementes modificadas. A devastação que os animais, que se multiplicam descontroladamente, é capaz de alterar toda a produção alimentícia mundial, causando fome mundial.
Nesse contexto, o elenco do primeiro filme (que também participou dos dois filmes seguintes) se reúne, com a Dra. Ellie Sattler (Laura Dern), à frente da investigação, que reúne o paleontólogo Alan Grant (Sam Neill), e posteriormente se encontram com o matemático/filósofo Ian Malcolm (Jeff Goldblum) no complexo da BioSyn. Numa visita à base Ellie e Alan, com a ajuda de Ian e seu ajudante Ramsay (Mamoudou Athie), tentam descobrir as provas para incriminar a farmacêutica.
Em uma trama paralela, vemos Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) agindo com ambientalista, resgatando animais presos em condições precárias. Owen Grady (Chris Pratt) salva rebanhos de dinossauros em pradarias norte-americanas. Ambos atraem o ódio de traficantes de animais. Eles se escondem com a filha Maisie (Isabella Sermon), uma clone criada em laboratório, alem de Blue, que dá a luz uma filhote velociraptor. Ambas são seqüestradas e levadas para o complexo da BioSyn. Os caminho de ambos os grupos, com a ajuda da piloto Kayla Watt, interpretada por DeWanda Wise, acabam convergindo.
Como em todo filme da franquia (que já mostra certo desgaste), temos as já clássicas e esperadas cenas com correrias desenfreadas, dinâmicas entre os personagens com níveis variados de química e momentos de tensão e horror. Em meio a trama principal, o filme flerta com temas importantes como o ambientalismo e a preservação da vida animal. Mas a parte mais fraca do filme é a trama envolvendo os gafanhotos, que em alguns momentos é até deixada de lado, e por conta disso, é até esquecida pelo espectador. O que prende realmente a atenção são os momentos em que os protagonistas estão em apuros com os dinossauros. O diretor Colin Trevorrow cria boas cenas de ação, algumas boas situações de tensão, mas ele peca na construção delas, e algumas cenas parecem deslocadas. Além disso, o filme tem diversas pontas soltas. O esmero do filme é praticamente técnico, e o diretor não cansa de homenagear/citar cenas, imagens e situações que remetam diretamente ao filme original de 1993. Desde cenas que lembram o ataque do tiranossauro ao aparecer pela primeira vez, até ao logo do primeiro filme, quando o tiranossauro passa por traz de uma construção com abertura circular, ou até ao peito exposto de Ian, que dessa vez parece ficar constrangido e fecha a camisa. Por falar em Ian, a melhor coisa do filme é a reunião do trio original, que transborda carisma e tem uma química enorme, mesmo após tanto tempo sem atuarem juntos.
Jurassic World: Domínio é um bom filme, com elementos que divertem, e que vale a pena ver no cinema, mas que se perde um pouco com tantas tramas e viradas. É uma aventura para se assistir e passar o tempo, que em comparação ao primeiro filme, e até os dois anteriores, é definitivamente o mais fraco.
À medida que seus personagens se deparam com a vacuidade das próprias ambições e fantasias, Lynch nos sussurra uma terrível verdade: o sonho americano já se tornou o pior dos pesadelos.