Autor: Nicholas Eames.
Gênero: Fantasia
Páginas: 464.
Editora: Orbit.
Clay Cooper é um mercenário aposentado que está tentando se adaptar à sua nova vida. Ele ama sua esposa, que muitas vezes parece ser o maior temor de nosso guerreiro, e sempre se alegra em ver sua filha brincando pela sua nova casa, mas esse pequeno oásis está prestes a ser abalado por uma tempestade vinda direto de seu passado. Gabriel, seu antigo companheiro de banda (sim, banda) bate em sua porta pedindo ajuda para resgatar sua filha que está presa em uma cidade cercada pela maior horda de monstros que o reino já viu. E para resgatá-la, Gabriel tem a ideia audaciosa de juntar seus antigos companheiros de turnê e cruzar a “Wyld” para tentar trazer sua filha de volta ou ao menos dar a ela um enterro digno. A partir daí nossa jornada com a banda “Saga” começa, e não será nada menos do que gloriosa.
Kings of the Wyld é um dos livros que compartilham uma intertextualidade com outras mídias do entretenimento. Aqui a história escrita por Nicholas Eames se assemelha muito a uma campanha de RPG, na qual os personagens constantemente fogem de seus arquétipos clichês e nos entregam reações autênticas a como as mudanças no mundo são apresentadas. Afinal, a maior parte de nossos personagens já está mais velha e estavam fora do ramo por um bom tempo, então a sensação de descoberta é compartilhada entre leitor e personagem.
Mundo este que é muitas vezes familiar, por se tratar de um mundo high fantasy medieval, mas que está sempre mostrando suas particularidades. Um dos detalhes mais divertidos da obra é justamente em como bandos de mercenários são tratados: aqui eles se assemelham a grandes astros do rock, por isso o termo bando foi adaptado para banda.
A autenticidade das culturas apresentadas e das relações entre governantes/governados consegue fugir de vários clichês encontrados em outras obras, principalmente no que diz respeito à inclusão no elenco de personagens e em como os monstros são apresentados. Muitos dos terrores apresentados no livro são consequências de atos ainda piores, cometidos por indivíduos ou grupos que geralmente o leitor não esperaria.
Porém, mesmo com o livro nos apresentando diversos momentos sérios, a história possui um humor sensacional. Em vários capítulos me peguei rindo em voz alta, destaque para a relação entre o mago Moog e o ladino Matrick. O autor apela tanto para um humor que beira a quinta série, quanto para um humor mais ácido e pessimista. Dando assim um frescor às diversas interações cômicas que aparecem com frequência na história.
Além das cenas de humor, o livro também contém uma boa dose de ação e que são realizadas de maneira bem competente pelo autor. Todas dão uma sensação de movimento absurdo, tanto pela velocidade e ferocidade que são descritas quanto pelo o que está acontecendo ao redor. Devido ao fato de termos 5 protagonistas, as lutas acabam tomando grandes proporções e o autor também separa um bom tempo para descrever como a luta influencia as pessoas e o cenário ao redor.
Eu confesso que gostei muito do livro, foi um dos mais divertidos que li recentemente e muito provavelmente irei revisitá-lo no futuro. Mas, o livro possui um problema que às vezes me tira um pouco da imersão: a falta de um perigo real a seus personagens. Não que precisasse ser do mesmo nível de “Game of Thrones” ou coisa assim, mas muitas vezes algumas cenas sérias perdiam impacto porque eu já esperava que não teriam grandes consequências. Porém, o carisma dos personagens e do universo me fizeram relevar parte desse problema e encarar a história como uma aventura mais leve e inspiradora.
Eu li a versão em inglês do livro, mas felizmente eu descobri que existe uma versão em português brasileiro lançada pela Editora Trama com o titulo "OS REIS DO WYLD", e pode ser adquirida na Amazon. Recomendo a todos que gostam de uma boa dose de aventura e a quem tem vontade de jogar uma campanha de RPG. Aposto que depois dessa leitura você será inspirado/a para criar novas histórias e personagens.
Onde comprar:
Explosões, sequestro e muito sangue.
