Autor: Maicol Cristian.
Os dois volumes do MACABROZINE – HISTÓRIAS OBSCURAS PARA MENTES SOMBRIAS são livretos, revista em tamanho pocket que traz em seu bojo contos de terror escritos pelo Maicol. Vou aqui falar sobre cada um deles.
MACABROZINE – HISTÓRIAS OBSCURAS PARA MENTES SOMBRIAS VOLUME 01
Conto 1 – As moscas ainda zunem contra a janela.
Logo de imediato nos deparamos com um típico enredo noirde detetive. O detetive em questão é o Moreli, um sujeito com um passado trágico e, por isso mesmo, um amargurado. Certo dia ele atende o chamado de Ariosto, um taxista que lhe relata uma estranha história sobre uma passageira. O desenrolar da história tem uma forte influência de Além da Imaginação ou Os Contos da Crypta.
Conto 2 – Purulento.
Ainda mais carregado na estranheza, este conto me fez lembrar duas referências: A metamorfose, de Franz Kafka, e um personagem de Sin City(2005), o Roark Jr. Um assassino nojento e amarelo, vivido por Nick Stahl. A situação inusitada que começa como algo banal faz com que o leitor se prenda ao enredo, mesmo que o desfecho possa ser antecipado pelos mais sagazes.
Conto 3 – Atari.
Aqui encontramos uma ambientação mais sombria, um submundo de bares sujos, viciados e beberrões. Protagonizado por um matador de aluguel que se vê em meio a uma invasão alienígena. Seu comportamento perante a situação extremamente trágica é justificado pela vida que leva.
Conto 4 – Os princípios de Armani.
Outro conto sobre matador de aluguel. O alvo desta vez é um viciado em jogatina, conhecido pela alcunha de “Sabão”. De repente, tudo muda para o bizarro, quando os participantes das lutas clandestinas demonstram ser muito mais do que meros lutadores. O próprio Sabão revela-se no final.
O resultado disso tudo é uma coletânea divertida, que brinca com o grotesco e nos entrega algo bem próximo dos filmes trash que tanto amamos.
MACABROZINE – HISTÓRIAS OBSCURAS PARA MENTES SOMBRIAS VOLUMES 02
Conto 1 – A Caixa.
Lembrei logo de um conto antigo de mesmo nome (na verdade, A caixa foi o título em português, o original era Button, button, button) presente na série: Além da imaginação. Tal como o antigo conto, aqui também uma caixa surge como um total mistério. O desfecho é, no mínimo, macabro e ao mesmo tempo surpreendente.
Conto 2 – Com letras vermelhas registrarei seu nome no meu caderno azul.
Este conto, apesar de bem escrito eu não gostei muito, pois achei ele meio parecido com outros que já li (inclusive um do volume anterior). É mais uma história de alguém que interage com o protagonista e que depois descobre-se que aquela pessoa já estava morta há tempos.
Conto 3 – Nas suas longas pernas procuro a paz que jaz no quarto contíguo ao seu túmulo.
Este conto eu gostei bastante. Nos mostra um taxista que se revela um psicopata fissurado por pernas femininas. A trama faz lembrar os filmes de serial killer dos anos 70, como O maníaco (1980), por exemplo.
Conto 4 – Confissões.
Mais um enredo noir. O detetive Armani desta vez é contratado para investigar um caso de traição, até aí, tudo como qualquer história do gênero, mas, à medida que o enredo vai adiantando, desemboca num final desconcertante, do jeito que eu gosto!
Este segundo volume repete a fórmula do primeiro, trazendo narrativas interessantes, com uma ambientação suja e personagens cínicos e cheios de defeitos, além de reviravoltas inventivas. Parabéns ao autor por manter uma narrativa que nos faz recordar dos bons roteiros de terror.
THE DEAD DON'T DIE soa como se alguém tivesse acabado de ver os velhos filmes do George Romero - especialmente "A Noite dos Mortos-Vivos" e "Zombie - O Despertar dos Mortos", dos anos 1960 e 1970 respectivamente -, se encantado com a crítica social inteligente destas obras e tentado fazer o seu próprio tributo ao mestre... mas com meio século de atraso!