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MALASSOMBRO - VOL. 01: ASSOVIOS NA MATA

Por: Guilherme Paim

O Brasil é um país culturalmente rico, repleto de contos, lendas e folclores regionais que acabam se perdendo com o tempo e nem sempre alcançam as gerações mais jovens. Desde diferenças geográficas até problemas como má documentação, é complexo descrever o problema do "desaparecimento" dessas histórias, que são parte integral da mitologia nacional.


A solução, no entanto, parece ser muito mais simples, com a retomada do folclore sendo viabilizada por novos meios de disseminação desses contos. Com isso em mente, a coleção Recife Assombrado é um passo na direção certa. Ao longo desta resenha, vamos explorar as histórias contadas na primeira edição, “Assovios na Mata” (que também inclui a história “O Forró da Danação”).


Antes mesmo do início da narrativa, um breve texto apresenta as lendas que inspiraram as histórias desta edição, além de servir como uma espécie de “carta de intenções”, que estabelece claramente o objetivo da coleção.


“Assovios na Mata”, com roteiro de André Balaio e arte de Téo Pinheiro, tem como personagem central a CumadeFulozinha, uma figura presente em várias lendas de cidades rurais, que atua como uma espécie de protetora da floresta. Nesta história, um jovem empresário acaba cruzando o caminho da CumadeFulozinha ao desrespeitar o território dela durante a construção de um centro de logística. Ele logo se arrepende, quando a Cumade começa a sabotar a obra, causando acidentes ou maltratando funcionários.


O roteiro tem uma premissa interessante, mas sua execução deixa um pouco a desejar. As ações da “assombração” nunca vão muito além de sustos e inconvenientes bastante moderados, o que faz com que suas aparições não transmitam muita seriedade ou tensão. A ferocidade com que a personagem é apresentada não se concretiza, e isso torna a história um tanto monótona.


Isso não significa que a história não apresente uma progressão lógica, embora previsível. No entanto, considerando o público que essas histórias visam atingir, um pouco mais de ousadia poderia proporcionar uma experiência mais envolvente.


A arte é bastante competente, mas infelizmente sofre da mesma monotonia, buscando um realismo que não gera imersão, mas também não transmite dinamismo. Um ponto extremamente positivo é que os ambientes externos são muito bem executados por Téo Pinheiro, que também consegue retratar prédios decadentes com excelência. Ainda assim, um pouco mais de texturização nesses ambientes internos poderia ser interessante (mais sujeira, desgastes, sombras). A arte de Téo poderia ser melhor aproveitada com um roteiro mais disposto a permitir algumas mortes ou momentos mais pesados.


Posto isso, como um “piloto”, o projeto se mostra promissor, convincente o suficiente para que o público-alvo dê uma chance para que a série encontre seu ritmo e identidade, especialmente considerando que se trata de um projeto que não conta com o financiamento de grandes editoras.


A segunda história já mostra alguma promessa em relação à primeira. Por se propor a ser uma narrativa menos ambiciosa, “Forró da Danação” acaba sendo um entretenimento mais eficaz. É mais curta, mais coesa e diverte, apesar de também não gerar muita tensão. Ainda assim, é um passo na direção certa e, vale ressaltar, aproveita bem a aptidão de Téo Pinheiro para ambientes externos, ambientando-se em uma fazenda.


De forma geral, sendo a primeira edição, há muito potencial de desenvolvimento para o projeto. O formato de quadrinho é um bom paralelo ao fator verbal que inicialmente popularizou os contos, enquanto oferece espaço para artistas que demonstram bastante potencial.


 

Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/malassombro-vol-01-assovios-na-mata?id=1243
| 242 | 10/09/2024
Começo Promissor, Mas Pouco Tenso. O projeto se mostra promissor, convincente o suficiente para que o público-alvo dê uma chance para que a série encontre seu ritmo e identidade
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