Malignant, EUA, 2021
Direção: James Wan
Elenco: Annabelle Wallis, Maddie Hasson, George Young, Michole Briana White.
Sinopse: Madison sente-se paralisada por visões chocantes de assassinatos horríveis, e tudo piora à medida que descobre que estes sonhos acordados são, de facto, realidades aterradoras.
A sensação de estranhamento é notável ao final da sessão.
O filme não conseguiu despertar nenhum sentimento de impacto em mim. Não senti empatia pela personagem principal apenas me compadeci da sua situação ruim que logo no início do filme foi solucionada. A história por mais que possua conexões entre os personagens possui uma equipe de atores frágil, um elenco que não sustenta a produção em si, tornando a experiência insossa.
O roteiro se estrutura numa malha tradicional de narrativa. Os diálogos em sua maioria são pobres, a profundidade dos personagens é limitada e isso amputa as possibilidades narrativas para o próprio enredo que se estende ao longo de todo o filme aguardando a grande revelação.
Com relação a direção de arte e os efeitos gráficos, isso foi adequadamente executado. A execução da obra é exaustiva, tortuosa e decepcionante. Um assassino desenfreado que consegue ser controlado em pouco tempo e ter uma reviravolta mais rápida do que um piscar de olhos, desaponta. Eu levo o trabalho do James Wan a sério. Completei a sua franquia de Jogos Mortais contemplada apesar de ignorar o 3D que é uma ofensa aos demais filmes (Não me permiti assistir). Esse projeto me deixou com inúmeras dúvidas sobre a sua proposta. A matança se torna enfadonha, a investigação é até bem executada se considerarmos o projeto fílmico.
A direção do James Wan não me trouxe as mesmas sensações que eu havia sentido em suas produções anteriores e não sei dizer se isso ocorreu pelo fato de já conhecer o seu trabalho não sentir mais o "efeito James Wan" porque a movimentação de câmera aqui foi bem tímida e beirou o olhar comum.
A direção de arte é o ponto alto do filme, maquiagem, cenário, objetos cênicos do assassino foram bem concebidos.
O background da história é bem desenvolvido, mas quando a personagem abre a cabeça torna o processo inverossímil já que estamos falando de um órgão extremamente sensível que é o cérebro. O happy ending foi um alívio para toda a série de matanças mas não gera satisfação porque aparentemente a personagem só aprendeu a controlar o irmão assassino nos minutos finais antes de literalmente acabar o filme.
Decidi dar uma chance para uma obra de abordagem diferenciada de tudo que o James Wan fez, mas sinceramente, que filme forçado. Eu até imaginei que o tal irmão poderia de fato existir e ter poderes psíquicos, mas isso era crível para uma figura externa e
separada da atriz principal. Alguém achou que seria divertido fazer o irmão hospedeiro que habita o cérebro da irmã e assume o controle do seu corpo para matar. Aquela cena do irmão abrindo o crânio da irmã já acaba com a magia. Em termos práticos, o cérebro humano é composto por um fluido e não dá para abrir o crânio e fazer o tanto de coisa que o irmão dela faz e depois se guardar como se nada tivesse ocorrido. Ela teria morrido e isso torna as coisas tão inverossímeis que você não sabe se está diante de um filme de humor horror trash ou apenas uma dose mal calculada de plot twist.
Em suma, a proposta é extenuante para o desfecho. O filme é bonito mas não tem alma. Não vale o tempo exceto você for um apreciador de matanças
O Clube dos Canibais pertence ao mais recente universo horrorífico dos cannibal movies. Guto Parente nos entrega um filme de horror genuíno, capaz de criticar a política nacional sem, todavia, soar panfletário. Uma grata surpresa.