Título Original: Mortal Engines (EUA/Nova Zelândia – 2018)
Direção: Christian Rivers
Roteiro: Peter Jackson, Fran Walsh e Philippa Boyens, baseado na obra de Philip Reeve
Produção: Universal Pictures.
Elenco: Hera Hilmar, Robert Sheehan, Hugo Weaving, Stephen Lang, Jihae, Colin Salmon, Ronan Raftery, Leifur Sigurdarson.
Duração: 128 min.
Sinopse: Milhares de anos depois que a civilização foi totalmente destruída por um evento cataclísmico, a humanidade se adapta à uma nova maneira de viver. Os poucos seres humanos que restam são forçados a viver em cidades móveis – estruturas gigantescas e mortais obrigadas a atacarem cidades menores para se reabastecerem de novos recursos.
O filme é baseado no primeiro livro de uma série de quatro do escritor Philip Reeve, lançadas em 2001, e originalmente lançada no Brasil com os títulos “Mortal Engines” pela Editora Novo Século e agora pela A HarperCollins, já com o titulo “Máquinas Mortais”. A obra de Reeve apresenta uma distopia em que a terra foi devastada por armas de destruição em massa milhares de anos antes na batalha conhecida como Guerra dos Sessenta Minutos. Com a perda da tecnologia antiga, os sobreviventes se esforçam para reconstruir o mundo e suas cidades, com o tempo, transformaram-se em gigantescos veículos, conhecidos como Cidades Tração, para se afastar da radioatividade e doenças, e que se alimentam de cidades menores para consumir seus recursos como combustível (prática que é chamada de Darwinismo Municipal). Enquanto isso, o resto do mundo declara-se anti-tracionista – ou seja, recusa-se a transformar suas cidades em grandes máquinas motorizadas, a fim de preservar recursos. Por conta disso, Londres, a mais gananciosa das cidades sobre tração, forma uma agressiva frente de ataque ao mundo anti-tracionista para se reabastecer definitivamente.
No primeiro ataque que vemos no filme, conhecemos Hester Shaw (a bela Hera Hilmar), uma garota que carrega em seu rosto uma grande cicatriz, e que tenta matar Thaddeus Valentine (Hugo Weaving), o maior arqueólogo da metrópole e um dos lideres da cidade. Valentine é salvo por Tom Natsworthy (Robert Sheehan), um jovem historiador. Após uma perseguição, Tom e Hester caem da cidade. Perdidos num mundo que parece um enorme descampado são perseguidos por piratas e por um soldado andróides zumbi chamado Shrike, e se envolvendo numa guerra entre o oeste representado por Londres, e o leste representado pela cidade da Liga Anti-Tração, que é contra as cidades predadoras, e que se esconde atrás de uma enorme muralha.
O filme tem um visual espetacular. Com cenários e ideias que poderia ter saído da cabeça e das mãos do gênio criativo dos quadrinhos europeus Moebius, os detalhes surpreendem. O ceticismo que temos pensando em como uma cidade inteira pode ser móvel, como grandes tanques de guerra, logo é deixado para trás enquanto se embarca no deslumbre visual que se apresenta diante dos olhos. A parte técnica do filme que envolve os efeitos digitais e práticos além do figurino e cenários é um show a parte. Alguns CGIs não ficaram muito bons, em especial a do andróide Shrike, que é um personagem que não é desperdiçado entre tantos outros que aparecem na tela. Ele está ali não só para causar destruição e portar algo de grande relevância para a Hester. Por trás da perseguição há uma boa historia por trás dele, que acrescenta um pouco de humanidade ao filme. Nesse contexto, temos personagens que aparecem apenas duas vezes, dando a sensação de que poderiam nem estar ali que não iriam fazer falta no filme - o nobre enjoado que espiona Tom, o amigo de Tom que trabalha na engenharia, personagens que não ficamos sabendo do destino, entre tantos outros. Por sinal, a filha de Valentine aparece apenas no inicio, meio e no final do filme, podendo ter tido maior tempo em tela. Pode-se dizer que o diretor de primeira viagem Christian Rivers (antigo supervisor de efeitos visuais de Peter Jackson) se preocupou mais com a parte visual, mas pecou na condução dos personagens, não explorando o potencial de cada um, inclusive com o didatismo apresentado no filme, o uso de clichês, os constantes flashbacks e a montagem acelerada, incluindo ai o ultimo ato do filme.
Vendido erroneamente nos trailers como um filme do estilo Mad Max, e o inicio de uma possível nova franquia, o filme é uma mescla de fantasia e aventura steampunk que poderia ter tido uma direção melhor e um roteiro melhor acabado, mas acaba divertindo, mesmo com as falhas apresentadas, se não houver uma grande exigência por parte da audiência.
Apesar de construir uma mistura interessante de ficção científica e horror psicológico sobrenatural, Hole in the Ground perde a mão com um roteiro óbvio e vazio apesar de bem filmado. Observa-se o interesse da A24 em investir na distribuição de material semelhante em tom a aquilo que já produz; no entanto com o foco somente em ambientação e qualidade técnica.