MORTE NO NILO

Death on the Nile/2022/UK,EUA
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Michael Green baseado na novela de Agatha Christie "Death on The Nile".
Elenco: Kenneth Branagh, Tom Bateman, Gal Gadot, Armie Hammer, Annette Bening, Russell Brand, Ali Fazal, Dawn French, Rose Leslie, Emma Mackey, Sophie Okonedo, Jennifer Saunders e Letitia Wright.
Duração: 2h07
Sinopse: Enquanto estavam de férias no Nilo, Hercule Poirot precisa investigar a morte de uma jovem herdeira.

Simplesmente um deleite para os olhos do início ao fim. O trabalho se destaca pela excelente escolha de elenco e pela exímia performance de todos os campos envolvidos nessa produção. Até mesmo a imagem gerada por computação é satisfatória. Mas afinal, quais aspectos tornam essa obra digna?

O trabalho da direção é um dos mais delicados que vi nos últimos tempos. Ao mesmo tempo em que assinala a sua presença, deixa espaço para a história ser contada por si mesma com câmeras em planos bem intimistas e sedutores nos primeiros minutos do filme, quase sufocando sua audiência. O ritmo de montagem, da movimentação de câmera e dos atores para o desenvolvimento das cenas denotam uma boa riqueza de preciosismo.

A história não permite um aprofundamento emocional com os personagens, no entanto, estabele um vínculo direto com o relato contado e por incrível que pareça é o mesmo efeito que senti ao ler E não sobrou nenhum. Ela e o mistério que a cerca até a sua resolução que protagonizam. Os personagens são apenas peões que dão andamento aos eventos. Não existe uma atuação memorável nesse projeto, mas os atores servem bem ao propósito que os seus personagens exigem.

O uso da música é agradável e os sons estão trabalhados em níveis adequados. Eles seguem harmoniosamente com os demais elementos da narrativa. A direção de arte atuou impecavelmente bem com uma boa adoção de figurinos, composição cenográfica e ambientação. A fotografia dos primeiros minutos do filme estão de tirar o fôlego. O estado de suspense acerca do mistério é conduzido com animosidade e a cada novo desenvolvimento de cena, maior tensão surge com uma resolução espetacular e quase teatral.

A excitação aqui ocorre do início ao fim. Mas considero o primor desse projeto em tornar o encerramento um ponto de alívio continuado. As idas e vindas que cercam o mistério confundem e enlançam numa valsa que permite respiros para que se possa compreender o que ocorreu em cada momento. O uso do tempo definitivamente é levado em conta na Morte do Nilo não acarretando em desperdícios. A sensação de paz interior misturada com satisfação ao sair da sala de cinema é indescritível.