DIGITE ABAIXO SUA BUSCA

MORTO NÃO FALA

Por: Saul Mendez Filho

A estréia de Dennisson Ramalho em um longa-metragem é esperada desde os idos de 2003 quando o curta Amor Só de Mãe ganhou no Fantasia Film Festival e no Festival de Gramado, surpreendentemente em tempos em que o cinema de gênero não era (comparado aos últimos anos) tão aplaudido no Brasil. Para essa mudança no olhar do público de lá pra cá, podemos dizer que foi relevante a contribuição do diretor, que também fez o screenplay de Encarnação do Demônio em 2008 e mais um ótimo curta-metragem intitulado Ninjas, em 2011, filme que não deve deixar de ser visto por nenhum apreciador do horror e do cinema nacional como um todo.


Morto Não Fala (Brasil/2018) tem a duração de 110 minutos e foca no personagem Stênio (muito bem interpretado por Daniel de Oliveira) que trabalha no Instituto Médico Legal e tem a habilidade inusitada de conversar com os mortos. A premissa curiosa se desenvolve em uma trama de favela, envolvendo marginalidade, traição, relação com vizinhos e colegas de trabalho, compras parceladas e até a vendinha/padaria da esquina onde o personagem toma sua dose de cachaça. É em todos os aspectos um filme urbano brasileiro, representante de um cinema fantástico tupiniquim, um horror verde e amarelo. É como se Cidade de Deus se fantasiasse para o Dia das Bruxas – ou melhor, o Dia do Saci.



As soluções para os momentos de susto são criativas (e elas permeiam o recheio da obra em diversos momentos, caindo em um lugar-comum que não agradou a uma parcela da crítica). São sequências interessantes pela forma como o horror se apresenta nesses tons brazucas, no meio de uma festinha infantil regada a funk ou em uma situação inesperada com cerol. Talvez por essa mesma relação, apesar das delongas em se encaminhar para a resolução o filme não cai. Nos vemos esperando que ele se encontre de volta ao fio da meada, mas não nos chateamos e aceitamos esses desvios no roteiro. Os momentos que assustam na obra, no entanto, não são esses jump scares. O medo se encontra, de fato, na representação visual e narrativa crua em que se apresenta o necrotério e as relações de trabalho em meio aos cadáveres. É aí que o filme atinge seus ápices e merece seus melhores aplausos.


Baseado em um romance escrito pelo mesmo autor de Ninjas (Marco de Castro) o resultado não poderia ser um horror, como já ressaltado, mais urbano e brasileiro do que se apresenta, sendo esta uma parceria que se comprova sólida em seus resultados. Foi seguindo esse caminho que, mais de dez anos após as expectativas, Dennisson Ramalho acabou realizando um importante primeiro longa-metragem de horror nacional (que esperamos seja apenas o primeiro de muitos).


“Morto não fala” chega aos cinemas do Brasil após o lançamento bem sucedido no circuito comercial no México, se tornando a terceira maior bilheteria em seu primeiro fim de semana em cartaz levando 30 mil espectadores ao cinema. Foi lançado em nove cidades e 78 salas.


Prêmios:
Fantasia Film Festival (22ª edição)  – Canadá - Prêmio Especial do Júri
Morbido Fest - México  (11ª edição) - Prêmio Longa-metragem Latino Americano
Nocturna Madrid Film Festival (6ª edição)  - Prêmio Efeitos Especiais
Rio Fantastik Festival  (3ª edição)  - Júri oficial - Melhor atriz: Fabíula Nascimento; Júri da crítica - Melhor diretor: Dennison Ramalho


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/morto-nao-fala?id=458
| 628 | 08/10/2019
É em todos os aspectos um filme urbano brasileiro, representante de um cinema fantástico tupiniquim, um horror verde e amarelo. É como se Cidade de Deus se fantasiasse para o Dia das Bruxas.
VEJA TAMBÉM

THE CONFESSION KILLER

Após o sucesso de \"Making a Murderer\" e \"Ted Bundy Tapes\", a Netflix parte para o controverso caso do assassino mentiroso ou do \"não-serial-killer\" Henry Lee Lucas.

Desenvolvimento:
Design gráfico, sites e sistemas web.
Contate-nos!