Night of the Slasher/ 2015/EUA.
Direção: Shant Hamassian
Roteiro: Shant Hamassian.
Elenco: Lily Berlina, Scott Javore, Adam Lesar.
Duração: 12 min.
A metalinguagem tem sido o terreno de trabalho dos slashers nos últimos tempos. De Por Trás da Máscara: O Surgimento de Leslie Vernom (Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernom, 2006) ao fantástico O segredo da Cabana (The Cabin in the Woods, 2012) e o mais recente terror nos Bastidores (The Final Girls, 2015), temos uma tendência atual com raízes diretas em Pânico (Scream, 1996) de Wes Craven. Dos anos 90 pra cá, portanto, muitas referências e jogos de linguagem se acumularam, e o que poderia se tornar um terreno infértil, na verdade, vem acumulando um repertório cada vez maior de possibilidades para um gênero que tem seus primórdios nos italianos e muito provavelmente suas bases, no cinema americano, em 1974 com Noite do Terror (Black Christmas) e O Massacre da Serra Elétrica (Texas Chainsaw Massacre) antes de chegar no seminal Halloween (1978) de John Carpenter.
Night of the Slasher é um curta de aproximadamente 12min. sob roteiro e direção de Shant Hamassian, produzido em 2015 e exibido pelos festivais do gênero em 2016. O diretor é um novato extremamente sortudo, pois já dirigiu em 2009 o próprio Angus Scrimm – RIP (O Tall Man da franquia Phantasm de Don Coscarelli), e, embora desconhecido, fez grande alarde ao redor do mundo com seu curta em 2016, participando de aproximadamente 160 festivais (incluindo o aclamado SXSW), ganhando 40 premiações entre eles e ainda recebendo qualificação para o Oscar hollywoodiano. Não é pouca coisa. No curta, que coloca os dois pés nos anos 80, a atriz Lily Berlina interpreta uma final girl que sobreviveu e clama por vingança. Nessa noite ela irá fazer tudo aquilo que as “regras do slasher” não permitem, em um ritual de convocação que demanda, pela história do gênero, o surgimento do enigmático serial-killer sobrenatural. Tudo começa, claro, com uma dança sensual, ao som de um hair metal de rádio à la Bonnie Tyler (a canção é “Dying for Love” da cantora Grayce); então a personagem parte para a ingestão de álcool e, por fim, sexo! Sua intenção é a de, assim que devidamente convocado, matar de uma vez por todas o mascarado (cuja máscara faz menção à máscara de Michael Myers e, ao mesmo tempo, ao Spock de Star Trek).
O curta é tecnicamente impecável. Realiza um falso one shot, filmando takes que se fundem de forma imperceptível através de efeitos de zoom in e zoom out, acompanhando o combate de uma forma incrível. Os atores estão completamente no clima de seus papéis, e Lily Berlina é a final girl por excelência, conseguindo a proeza de atuar apenas através de expressões físicas e faciais (sobrevivente, sua personagem carrega uma enorme cicatriz no pescoço que afetou eternamente sua capacidade de fala). Também o roteiro é capaz de revelar pouco a pouco a trama, que se desenrola de forma muito criativa e nos deixa atentos do início ao fim, além de desenvolver momentos de pura comédia e gore. O curta pode ter 12min, mas a impressão é que ele se passa em 5min ou menos – uma característica dos bons filmes. A trilha, aqui, brilha: Simon Michael é um nome a lembrar. As cores vivas ficam por conta de James Knott, que demonstrou possuir as melhores referências quanto à paleta de cores do gênero de uma década.
Night of the Slasher - Official Trailer from Shant Hamassian on Vimeo.
Night of the Slasher from Shant Hamassian on Vimeo.
O mais novo lançamento com a atriz Kristen Stewart nos cinemas bebe na fonte de Alien (1979), sendo um filme de ficção científica enxuto, com momentos de horror, tensão e claustrofobia.