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NINA WU

Por: Saul Mendez Filho

(Juo ren mi mi / Taiwan, 2019)
Direção:
Midi Z
Roteiro:
Ke-Xi Wu, Midi Z
Elenco:
Ke-Xi Wu, Vivian Sung, Kimi Hsia, Li-Ang Chang.
Duração: 102 min


Sinopse: Nina Wu (Wu Ke-Xi) é uma jovem mulher que deixa sua pequena companhia de teatro do interior e se muda para a cidade grande para correr atrás de seu sonho de ser uma atriz de sucesso. Quando, depois de um longo período de depressão e fracasso, ela consegue um papel de heroína em um filme de espionagem, ela encontra novos obstáculos pela frente. Batalhando contra a desigualdade de gênero na indústria do cinema, assim como uma série de incidentes e ameaças, Nina se vê questionando se há alguma maneira de escapar as eternas dificuldades da vida real.


 


Bem delimitado em suas composições simétricas, com uma cenografia acurada e movimentações extremamente suaves de câmera, o longametragem taiwanês Nina Wu (Juo ren mi mi em seu título original) surpreende visualmente,  ainda que a obra seja autocontida o bastante para deixar entrever um orçamento modesto. Não é à toa que o filme foi o vencedor do New Visions Award no Sitges 2019 e pôde também ser nomeado ao prêmio Un Certain Regard em Cannes neste mesmo ano. A direção de Midi Z sobre o roteiro da também atriz principal Ke-Xi Wu estruturam um leque curto de acontecimentos e cenários planejados que conferem, dentro de seus limites, uma amplitude de significados em um trabalho muito bem amalgamado de som e imagem. Navegar por essas nuances de significado é, inclusive, essencial para poder avaliar a obra para além de qualquer assimilação imediata com movimentos específicos – é o caso da crítica americana, que tem avaliado o filme constantemente sob o vício ou a agenda do ultimo trend do momento, o movimento #MeToo. Polêmicas à parte, é um filme com bem mais camadas de sentido do que tem sido creditado.


Nina Wu é uma jovem atriz que sai de sua cidade natal do interior para tentar a carreira profissional na capital, na história mil vezes narrada da garota que enfrenta pela primeira vez o mau-caratismo do mundo. Desta vez, no entanto, o foco engloba (em espectro mais amplo) a competitividade subjetiva da contemporaneidade, a auto-cobrança pela perfeição funcional e estética para se enquadrar nos conformes de um mercado e de uma sociedade. Para alguns é uma repetição do Cisne Negro de Aronofsky, embora o horror atue aqui de forma mais sutil e a estrutura narrativa se diferencie também em quase todos os aspectos.



Durante o inicio da história acompanhamos Nina atuando em uma produção de época, no papel de uma espiã envolvida em um triângulo amoroso. Neste primeiro terço do filme é possível apreciar diversos momentos estéticos primorosos e uma metalinguagem declarada. Também estão neste primeiro terço momentos pontuais de sentido, seja a infame felicidade artificial de uma live do Instagram ou a mecanicidade de uma sessão “sensual” de fotos promocionais.


Durante o segundo terço o filme foca no passado da personagem, enquanto esta busca o contato com suas origens na antiga casa da família no interior, reencontrando lembranças de seu grupo de teatro da escola e um amor que ficou para atrás. Gradualmente realidade e pesadelo começam a se misturar na vivência de Nina, e acompanhamos isso através de um simples jogo de linguagem entre cortes na intenção de confundir o próprio espectador. Intercalando as situações, percebemos cada vez mais que se molda uma segunda história, pautada em uma memória subconsciente de Nina, uma realidade por demais assustadora que ela encara a partir de duas personalidades diferentes: ora competitiva, feroz e inconsequente, ora ingênua, retraída e subserviente. O ultimo terço do filme mergulha de vez nessa memória e ficamos somente com o pesadelo.


Válido para reflexões as mais diversas sobre a contemporaneidade e, sim, também sobre objetificação feminina e abuso, o longametragem é bastante eficiente em apresentar um horror psicológico nos moldes de um drama asiático (com todas as qualidades reconhecidamente inerentes aos dramas asiáticos). Nina Wu não peca tanto quanto seus detratores ou suas críticas achatadas; pelo contrário, se apresenta uma obra simples e bela, sutil e maravilhosamente bem maior do que um orçamento poderia ser capaz de limitar.


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/nina-wu?id=506
| 1323 | 13/12/2019
Nina Wu é um filme de drama psicológico oriundo de Taiwan.
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A Última Cova

O roteiro da HQ é inspirado no argumento do filme A ÚLTIMA COVA, de Armando Fonseca e Raphael Borghi.

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