Sadako DX” ou “貞子 DX”, 2022, Japão.
Diretor:Hisashi Kimura.
Roteiro:Yuya Takahashi.
Elenco:Fuka Koshiba, Kazuma Kawamura, Mario Kuroba.
Duração:100 min.
Sinopse:“Pessoas que assistem a um vídeo amaldiçoado subitamente morrem. Essas mortes ocorrem em todo o Japão. AyakaIchijo é uma estudante de pós-graduação extremamente inteligente e com um QI acima de 200. Sua irmã mais nova assiste à um vídeo amaldiçoado por diversão. AyakaIchijo tenta revelar o mistério que envolve o tal vídeo.”
Atenção: se você espera assistir uma continuação para os remakes da série de livros “Ring” de Koji Suzuki ou até mesmo uma continuação à história iniciada pelos remakes de Hollywood, acabará decepcionado.A decisão de adaptar o nome do filme para “O Chamado 4” no Brasil foi infeliz e, sem dúvidas, gera uma expectativa errada. Não acredita? Os comentários no próprio trailer oficial da Paris Filmes mostram a indignação de inúmeros fãs da franquia.
O filme não apresenta o tom sombrio e dramático característico da franquia O Chamado, já que o longa tem a proposta de ser uma comédia de terror com elementos slasher e sobrenaturais. E essa própria proposta de trazer humor pode acabar como um tiro no pé para fãs, devido aos elementos humorísticos presentes serem, assim como o filme, de uma cultura oriental (ou seja, capazes de não agradarem ou sequer serem entendidos por todos os públicos).Sem jumpscares, o filme pode desagradar também aos que buscam mais adrenalina.
Por mais que O Chamado seja uma das franquias mais exploradas para o público japonês, com 7 filmes japoneses, 2 séries japonesas de televisão, 6 adaptações para mangáe até 2 videogames, a maioria do público ocidental provavelmente só conhecerá os 3 remakes norte-americanos, o que destaca ainda mais a carga negativa que carregar o nome da franquia gera.
Tirando essas questões do caminho, Sadako DX não é um filme de todo ruim. Se a proposta de ser uma adição não imediatamente conectada aos últimos filmes da franquia ficasse clara, eu consigo enxergar uma maior adesão e boa vontade dos fãs acontecendo, pois o filme é criativo.
O filme busca adaptar a premissa já conhecida de O Chamado, com o vídeo cassete e as fitas VHS amaldiçoadas, para um mundo moderno em que estes objetos são relíquias de um mundo antigo e sequer estão presentes na maioria das casas; hoje e agora, as redes sociais, como o Twitter, são mais populares que nunca.
Não se engane: o filme não abandona o elemento clássico das fitas, mas a maldição também está presente em outras formas de mídia. Sendo assim, com a facilidade de postar um vídeo no Twitter e o mesmo virar uma trend e acumular milhares de visualizações em pouco tempo, quem poderá parar a maldição de Sadako?
Além disso, levando em conta um mundo cada vez mais violento, a trama também busca explorar o uso das fitas como uma arma, um produto que pode ser vendido como um jeito fácil de amaldiçoar alguém.
A nossa personagem principal é AyakaIchijo, uma pós-graduanda cujo QI acima de 200 é enfatizado (em diversos momentos) pelo filme. Naturalmente cética, ela acredita que os episódios de mortes misteriosas conectados à fita são explicáveis através do uso da ciência, sendo tudo apenas um placebo ou uma mensagem subliminar para condicionar espectadores.
Ao adentrar um debate num programa de televisão com Kenshin, um médium aparentemente falsário, a respeito da maldição, ela recebe uma cópia do vídeo. E é onde a nossa história começa, com uma Samara/Sadako mais poderosa e a maldição, como um vírus, se espalhando mais facilmente devido a uma sociedade mais tecnológica.
Gosta de mistérios? Se sim, poderá gostar do filme, já que a trama gira majoritariamente em torno de Ayaka, com a ajuda de outros personagens, tentando descobrir uma solução lógica para a maldição das fitas, já que o uso de cópias não é mais efetivo como no passado.
Por fim, apesar da falta de profundidade dos personagens, O Chamado 4 é um filme que deve ser assistido sem muita expectativa e então, você irá se divertir.
É em todos os aspectos um filme urbano brasileiro, representante de um cinema fantástico tupiniquim, um horror verde e amarelo. É como se Cidade de Deus se fantasiasse para o Dia das Bruxas.