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O ESTRIPADOR

Por: Isadora Souza

The Ripper (UK/2020)
Direção: Jesse Vile  e Ellena Wood
Duração: 195min

É de grande relevância conhecer a história desse serial killer que apesar de ter sido diagnosticado com esquizofrenia ele me gerou dúvidas sobre o seu quadro porque o mesmo era extremamente controlado para alguém que aparentemente não realizava nenhum tratamento além do fato da sua esposa ter possuído a mesma doença. Eu particularmente fico com a hipótese dele ter sido um psicopata que enganou os médicos.

Peter William Sutcliffe cometeu uma série de assassinatos na década de 70 e a ótica distorcida que não se baseou em evidências cruciais foi um ponto que tornou toda a onda de investigação um fiasco fazendo com que ele continuasse as suas práticas pelos próximos anos.

A época de pós revolução industrial, a queda nos empregos causada pelo fechamento de fábricas e aumento de importações, colocaram algumas mulheres em estado de vulnerabilidade. Esse era o estado que Leeds se encontrava. Esse contexto da região em que os primeiros crimes ocorreram facilitaram a vida de Peter e dificultaram a da polícia que de imediato o catalogou como um assassino de prostitutas.




Esse período também foi marcado por manifestações femininas por independência, segurança e autonomia e ao mesmo tempo o documentário apresenta que as visões e narrativas ainda eram construídas a partir da ótica masculina, principalmente sobre as mulheres e sua índole. A formação da opinião pública aqui praticamente não gerou comoção até que um dia o Peter matou a primeira vítima que não era prostituta.

É importante frisar que o termo prostituta é atribuído ao longo da narrativa do documentário que posteriormente explica e desfaz essa construção, mas como se trata de uma reconstituição dos eventos do período, este foi o termo adotado para definir algumas das vítimas.
Neste documentário percebemos que o psicopata mais organizado e controlado é mais difícil de capturar. O mesmo levou as autoridades ao desespero por comunicação com ele, indicando que eles não faziam ideia do que estavam buscando.

Inclusive nessa época até uma farsa foi criada e serviu de motor e alimento para que a força policial empenhasse muito dinheiro - uma quantia considerável para a época - numa busca por uma figura que de fato não existia.




Outro aspecto que o documentário apresenta é que o sentimento de soberba e diferenciação entre a classe da polícia das cidades maiores e menores também gerou aqui um problema de conduta do caso como um todo.

O ritmo de montagem é mais lento aqui se comparado com Night Stalker, no entanto, a ênfase dada para o processo de investigação e sistematização de dados policiais é valorizada. Também é possível entender como essas instituições tinham condições precárias de organização de dados, priorização de informações e o quanto a burocracia para certas questões atrapalhou o serviço de investigação. De toda forma, o maior erro da polícia aqui foi ignorar quem de fato tinha vivido a história por querer alimentar a fábula de caça do famoso Jack.

A mensagem final do documentário é nítida. A soberba masculina e o fato de subestimar questões essenciais culminaram em desperdício de trabalho e assassinatos. Da mesma forma, é possível observar o quanto um contexto hostil e precário para a população poder tornar sentimentos como empatia e compaixão quase nulos.

Trailer:


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/o-estripador?id=678
| 938 | 24/02/2021
O assassino em série ficou conhecido como o estripador de Yorkshire, e sua história é contada na série documental da Netflix
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