TÍTULO ORIGINAL: The Exorcist: Believer | Ano de Lançamento 2023 | EUA
DIREÇÃO: David Gordon Green
ELENCO: Ellen Burstyn, Leslie Odom Jr., Lidya Jewett, Olivia Marcum, Ann Dowd, Jennifer Nettles, Raphael Sbarge, E.J. Bonilla, Antoni Corone, Norah Murphy, Chandu Kanuri.
ROTEIRO: David Gordon Green e Peter Sattler
DURAÇÃO: 111 minutos
DISTRIBUIÇÃO: Universal Pictures
SINOPSE: O Exorcista: O Devoto, é a sequência do clássico de 1973 sobre uma menina de 12 anos que é possuída por uma misteriosa entidade demoníaca, forçando sua mãe a buscar a ajuda de dois padres para salvá-la. Nesta versão de 2023, desde a morte de sua esposa grávida em um terremoto no Haiti, há 12 anos, Victor Fielding tem criado sua filha Ângela sozinho. Mas quando Ângela e sua amiga Katherine desaparecem na floresta e retornam três dias depois sem memória do que aconteceu com elas, isso desencadeia uma série de eventos que obrigará Victor a confrontar o mal e, em seu terror e desespero, buscar a única pessoa viva que testemunhou algo parecido antes: Chris MacNeil. Baseado no best-seller de William Peter Blatty.
RESENHA:
Sinceramente, poderia ser qualquer outro filme, mas "se atreveram a meter a mão justamente onde não deviam". O maior (dentre os inúmeros) problemas desta obra é justamente sua pretensão e notória incompetência em dar continuidade ao filme que é considerado por muitos como o maior clássico do terror de todos os tempos. Um filme que inclusive já teve sua continuidade no "esquecível" O Exorcista II: O Herege (1977), que de tão insignificante em quase nada é lembrado, pois então, estamos diante de um "fenômeno" de iguais proporções em termos de irrelevância.
O resultado que nos é entregue em O Exorcista: O Devoto, é de um total desserviço, um ato atentatório a legitimidade do clássico de 1973. Existem obras cinematográficas que estão alçadas ao patamar de inigualáveis, pois além de inaugurar novos paradigmas dentro do próprio gênero tornaram-se extemporâneas pelo fato de conseguirem promover sentimentos e sensações no público apesar dos anos do seu lançamento. E faço questão de citar duas destas obras (a partir de uma perspectiva muito particular): O ILUMINADO e HEREDITÁRIO, como exemplos típicos de ineditismo cinematográfico.
Em breve síntese, existem filmes cuja ideia da sua continuidade deveria ser severamente repensada, para que não houvesse aquilo que constatamos em O Exorcista: O Devoto, onde após assisti-lo você fica se perguntando o que houve de representativo ou significante que merecesse quase 02 horas de expectativas (frustradas) em torno de um filme de péssima narrativa, que não consegue sequer imprimir medo, terror, pavor, tensão, aflição, angustia, enfim, absolutamente nada do que se espera do desdobramento advindo de um clássico como O EXORCISTA (1973).
Em que pese, tenha começado de forma relativamente bem engajada, trazendo o interessante dilema de Victor Fielding e sua filha Ângela, a narrativa do filme acaba "descambando" para uma superficialidade de dar sono. Embora o fenômeno da possessão demoníaca recaia sobre duas adolescentes: Ângela e sua amiga Katherine, o roteiro do filme se preocupa exacerbadamente em contar a história de apenas uma das adolescentes, justamente Ângela, deixando a história de Katherine (aquela que aparece na cena da igreja) relegada ao simples fato de ser filha de um casal de protestantes. Essa "imprudência" no roteiro chega a ser algo imperdoavelmente escabroso. Daí por diante é só "ladeira abaixo".
Entre as idas e vindas, repletas de clichês e um "dramalhão" no estilo novela mexicana, o roteiro ainda consegue se dar ao luxo de trazer uma personagem de grande relevância para o contexto de O EXORCISTA e simplesmente descartam (marginalizam) a personagem, algo impensável diante da pobreza de narrativa evidenciada no filme até aqui, e assim ele segue com suas reviravoltas nada entusiasmantes (um tal de morre e ressuscita) caminhando para um desfecho que literalmente, como já era de se esperar diante de tantos desacertos, acaba não atingindo a finalidade do filme. A sensação é de que tentaram fazer um filme de terror e acabou saindo sabe-se lá o quê... O famoso S.D.S. (Só Deus Sabe)!
Mais uma vez é importante ressaltar, este poderia ser qualquer outro filme de terror com temática de possessão demoníaca, como já tivemos neste ano o lançamento de 13 EXORCISMOS e O EXORCISTA DO PAPA, mas se atreveram de forma muito incompetente, por não dizer, audaciosa, megalomaníaca e proporcionalmente infeliz a mexer com a expectativa em torno de um clássico muito caro e raro aos legítimos fãs do gênero. Imperdoável!
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Morte no Nilo, sequência de Assassinato no Expresso Oriente (2017), continua acompanhando o detetive Hercule Poirot, que dessa vez vai parar no Egito para solucionar mais um mistério envolvendo um assassinato.