Título: O inverno do Vampiro.
Autor: Júlio Ricardo da Prosa.
Editora: Avec.
Quantidade de páginas: 144.
Vampiros são criaturas bem estabelecidas no imaginário popular; quase toda cultura possui algum ser noturno que suga a vitalidade humana. É uma criatura que reflete os medos da noite, das bestas e do carnal. Mas, será que com tantas produções no mercado ainda é possível que estas criaturas noturnas nos surpreendam? Bem, Júlio Ricardo da Prosa consegue utilizar essas criaturas num contexto raro e sucede em prender a atenção do leitor em uma trama direta e com personalidade o suficiente para se destacar de outras produções.
O ano é 1960, em Porto Alegre. Os ventos frios do inverno começam a espalhar calafrios e deixam as ruas pouco convidativas, mas além das baixas temperaturas o inverno traz consigo um mal sobrenatural. Uma criatura vem atacando os moradores e deixando suas vítimas sem uma gota de sangue sequer. Nesse mesmo cenário, nosso protagonista chega na cidade para trabalhar em um banco local e se hospeda na casa de um excêntrico estudioso. Porém, nosso protagonista é atacado pela criatura e é jogado em uma trama que pode condenar toda a cidade de Porto Alegre.
Na trama o autor trabalha os vampiros como criaturas guiadas por sua sede de sangue, logo não temos uma romantização das criaturas como em outras mídias. Não existe uma origem ou uma sociedade secreta vampiresca, aqui eles são escravos de sua eterna fome. Mas, nem por isso o autor deixa de escrever criaturas interessantes. Um dos melhores aspectos do livro é justamente como esses seres infligem medo nos seres humanos e possuem uma aura que prende a vítima. Além disso, o lado morto-vivo das criaturas é sempre lembrado, reforçando para o leitor que qualquer traço de bondade já se extinguiu e o que se apresenta não possui mais qualquer semelhança com os seres humanos.
A narrativa lembra bastante o clássico Drácula, onde há muitas partes narradas em primeira pessoa, mas não se restringe ao formato de cartas como no clássico. Outro aspecto que ajuda na imersão são os capítulos que apresentam personagens secundários. Muitos deles não possuem uma função grandiosa na trama, mas servem para mostrar o funcionamento da cidade e toda sua pluralidade de cidadãos.
O Inverno do Vampiro não revoluciona a fórmula, mas traz uma aventura coesa e cativante para quem busca uma aventura de terror em território nacional. A trama funciona bem na quantidade de páginas disponíveis e consegue transportar o leitor para essas ruas frias e misteriosas.
Esta continuação revela um grande avanço em relação ao primeiro volume, onde o roteiro logo adquire uma tensão bastante envolvente
