Autor: Sérgio P. Rossoni.
Editora: Avec Editora.
Páginas: 448.
A primeira guerra mundial foi um dos maiores e mais sangrentos eventos da história recente. Muito se fala sobre o inferno das trincheiras, o terror das armas químicas e do crescente nacionalismo europeu. Mas, os anos que a antecederam possuem grande relevância e potencial para a escrita de artigos e romances. E é neste período que o autor Sérgio P. Rossoni nos transporta para uma história de espionagem, ação e romance.
Benjamin Young, Ben para os íntimos, é um ex-batedor da Força Expedicionária Britânica que após servir sua Majestade decidiu abrir uma empresa de transporte e proteção de bens no Marrocos. Tentando sobreviver em sua nova vida pacata, nosso protagonista é pego de surpresa em uma teia de artimanhas entre as grandes nações européias. Agora aliado de espiões britânicos, antigos amigos franceses e tribos do deserto africano, Ben tem como responsabilidade entregar uma prova para o conselho de segurança europeu que implica o reich como autor de um possível conflito global.
A premissa do livro fisga o leitor de uma maneira surpreendente, logo somos transportados para uma reconstituição do Magreb (região que engloba os países no norte do continente africano) viva e rica em culturas, já que contamos com a participação de diferentes tribos nômades com seus respectivos símbolos e crenças. Além de uma representação madura dos poderes coloniais em territórios africanos, principalmente franceses e alemães. O autor para aumentar a imersão, coloca em vários diálogos palavras ou expressões nas línguas maternas dos personagens, fazendo com que cada um deles possuam personalidade e maneirismos distintos.
O desenvolvimento dos personagens captura muito bem o que podemos imaginar como a mentalidade da época e a personalidade de seus personagens. Ao mesmo tempo que temos uma visão colonial, somos apresentados à visão dos povos locais e pessoas que fogem do pensamento colonialista. Ben por boa parte do livro é tratado como um estrangeiro, mas aos poucos vai mostrando como aprendeu a respeitar o deserto e ver todo o mal que seus conterrâneos europeus causam ao continente. A visão crítica do colonialismo possui um papel muito importante na trama e vem de maneira natural e engajante.
A escrita de Rossoni nos guia de maneira clara durante o desenrolar da trama, diversas batalhas que poderiam ser confusas e caóticas são desenvolvidas de uma maneira que apenas o personagem em questão as veja dessas formas. Fazendo com que o leitor sempre compreenda o que está se passando e como a situação está influenciando nas decisões do personagem.
O Olho de Gibraltar nos apresenta um período histórico pouco explorado na literatura nacional e uma narrativa dinâmica e cativante. Uma das melhores leituras recentes que tive, e que com certeza está mais do que recomendado para todos os amantes de história.
Representante da produção japonesa de horror em Sitges 2017, Vampire Clay é um gore inusitado que se leva a sério apesar do plot bizarro de uma argila amaldiçoada.