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O TELEFONE PRETO

Por: Diego Aleluia Jaffré

The Black Phone, EUA, 2021
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Scott Derrickson, Joe Hill
Elenco: Mason Thames, Madeleine McGraw, Ethan Hawke
Duração: 1h e 42min


Sinopse: Finney Shaw, um menino tímido, mas inteligente, de 13 anos, é sequestrado por um assassino sádico e preso em um porão à prova de som, onde gritar é de pouca utilidade. Quando um telefone desconectado na parede começa a tocar, Finney descobre que pode ouvir as vozes das vítimas anteriores do assassino. E eles estão determinados a garantir que o que aconteceu com eles não aconteça com Finney.



O medo é um sentimento que muitas vezes varia de uma pessoa para a outra, mas é inegável o quanto uma situação próxima à realidade muitas vezes é mais aterrorizadora do que a pura fantasia ou a presença do desconhecido. Em “O Telefone Preto” acompanhamos o jovem Finney Shaw, um garoto tímido e vítima constante de bullying em seu colégio. Porém, a verdadeira ameaça do filme é um serial killer conhecido como “O Sequestrador”, que já atacou diversas crianças e em um certo momento faz de Finney sua vítima mais recente. Com essa premissa simples, o filme tem a proeza de ser um dos melhores lançamentos do ano e um ótimo suspense.


No início do filme somos aos poucos apresentados à vida pacata na região norte de Denver: baseball e crianças passeando de bicicleta em uma vizinhança aparentemente normal, mas de repente a trilha sonora do filme nos faz duvidar desta normalidade. A sensação é como se um predador estivesse à solta e que a segurança não passa de uma ilusão. É nesse momento que vemos a primeira vítima do Sequestrador ser abduzida, mas não de uma forma explícita, o diretor apenas vai escurecendo a cena quando um elemento estranho é apresentado na composição da mesma.



Em sequência, somos apresentados de uma maneira melhor ao protagonista do filme. Vemos como tanto sua vida familiar quanto escolar são problemáticas, e como suas relações com sua irmã Gwen e seu melhor amigo Robin são portos seguros em meio a violência. Além disso, Finney constantemente lembra ao telespectador de pequenas mudanças no ambiente devido ao medo e consequências dos atos do Sequestrador, até que em um certo momento ele se torna vítima do mesmo. E é nesse momento que o filme ganha força total.


Finney é mantido em cativeiro por seu captor em um porão a prova de som e que por si só carrega uma atmosfera mórbida, as paredes parecem sangrar constantemente devido a ferrugem que as corta. Um ambiente bem similar a jogos de terror como Silent Hill: The Room e The Evil Within. Além disso, vemos pela primeira vez o Sequestrador de perto e sua apresentação não deixa a desejar. Sua máscara medonha, que ao longo do filme varia com base no humor do vilão, carrega uma presença que somada à brilhante atuação de Ethan Hawke convence tanto o telespectador quanto o protagonista da ameaça que o personagem representa.



O roteiro do filme faz com que o Sequestrador se assemelhe ao Michael Myers, não só por sua máscara, mas por conseguir convencer o telespectador de que a personagem representa a encarnação do mal absoluto. Não existe backstory ou tentativa de justificar o comportamento do serial killer, fica à mercê do telespectador tentar montar um perfil ou uma história que justifique a maldade do vilão. Seu jogo sádico consiste em aprisionar as crianças e tentá-las com pequenas esperanças de fuga, que inevitavelmente levam suas vítimas a terríveis sessões de espancamento.


 


Durante seu cativeiro, Finney se depara com um antigo telefone preto, que segundo seu captor não funciona há muito tempo. Porém, ao longo de sua prisão, Finney escuta o antigo telefone tocar e consegue entrar em contato com as antigas vítimas do sequestrador. Nessa parte o filme apresenta uma dinâmica similar a jogos soulslike e roguelikes, um ensinamento é passado ao protagonista a partir de experiências passadas, evitando assim as escolhas de caráter duvidoso que quebram a imersão. Finney e todo o casting infantil divide o brilho com o Ethan Hawke, mostrando que mesmo jovens, todos estão prontos para começar uma carreira cinematográfica.


Em conclusão, “O Telefone Preto” é um filme simples, ele não reinventa a roda ou tenta inovar dentro do gênero. Mas com sua direção criativa e casting surpreendente, o filme se torna uma agradável surpresa e consegue entregar uma dose de tensão que há muito tempo não se via no cinema.


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/o-telefone-preto?id=849
| 844 | 20/07/2022
Com uma direção criativa e casting surpreendente, o filme se torna uma agradável surpresa e consegue entregar uma dose de tensão que há muito tempo não se via no cinema.
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