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OS MORTOS NÃO MORREM (2019)

Por: Felipe M. Guerra

Título Original: The Dead Don't Die (EUA, Suécia/2019)
Direção: Jim Jarmusch
Elenco: Bill Murray, Adam Driver, Tilda Swinton, Chloë Sevigny, Steve Buscemi, Danny Glover, Caleb Landry Jones, Rosie Perez, Iggy Pop, Sara Driver, RZA, Carol Kane, Selena Gomez e Tom Waits.
Duração:
103 min.


Sinopse: Os cidadãos da pacata cidadezinha de Centerville são atacados por zumbis devoradores de carne quando os mortos se levantam de seus túmulos.



"I could get actors that I love, little groups of them, and get them stuck in various places while outside, all of these creatures are just trying to break in and eat them. And then between the attacks of the zombies, there would be all this space for stupid, stupid conversations."


Foi assim que surgiu THE DEAD DON'T DIE, segundo o próprio diretor-roteirista Jim Jarmusch em entrevista à Rolling Stone, o que imediatamente respondeu a duas perguntas que martelavam meu cérebro após ver o filme: por que um diretor culti-culti como Jarmusch foi se inventar de fazer um filme de zumbis, e por que o resultado é uma calamidade tão gigantesca...


THE DEAD DON'T DIE soa como se alguém tivesse acabado de ver os velhos filmes do George Romero - especialmente "A Noite dos Mortos-Vivos" e "Zombie - O Despertar dos Mortos", dos anos 1960 e 1970 respectivamente -, se encantado com a crítica social inteligente destas obras e tentado fazer o seu próprio tributo ao mestre... mas com meio século de atraso!


O filme não apenas soa datado, ele também é redundante e repetitivo. Não há uma única ideia diferente que o destaque das centenas (milhares?) de outros filmes sobre mortos-vivos feitos desde então, e mesmo a "crítica social", esfregada sem nenhuma sutileza na cara do espectador (tipo zumbis carregando smartphones e guturalmente pedindo por wi-fi), faz qualquer sentido, considerando que é coisa que já se viu antes e melhor - toda essa parada de "os vivos são os verdadeiros zumbis", "o capitalismo e o consumismo nos transformaram em mortos-vivos", e bla bla bla.



Um diferencial, talvez, seja o elenco de astros e estrelas tentando sobreviver (e nem sempre conseguindo) aos ataques dos zumbis, incluindo Bill Murray, Adam Driver, Chloë Sevigny, Tilda Swinton, Iggy Pop e muitos outros. Mas seus personagens são tão irritantes que tornam o filme um autêntico martírio. É como se os vivos de Jarmusch estivessem mais mortos que os zumbis, e tenho certeza de que isso faz parte da brincadeira, mas não achei graça nenhuma.


Para terminar a desgraça, THE DEAD DON'T DIE tem um senso de humor infantil que investe na repetição para tentar fazer graça - tipo os caras do "Pânico na TV", quando repetiam a mesma cena de alguém levando um susto cinco vezes. A música-tema toca o tempo inteiro e os personagens estão conscientes de que é a música-tema do filme (num desnecessário toque de metalinguagem); a mesma cena de policiais entrando num restaurante, olhando cadáveres destroçados e concluindo que aquilo foi feito por "um ou muitos animais selvagens" é repetida três vezes, e daí pra pior. Lá pelas tantas, Adam Driver empresta a chave do carro para alguém e seu chaveiro é do "Star Wars" - a franquia onde o próprio Driver interpreta Kylo Ren. Nossa, que engraçado!



Talvez o verdadeiro morto-vivo em THE DEAD DON'T DIE seja o próprio filme: a narrativa se arrasta tipo os zumbis do Romero, tudo soa velho e apodrecido, e alimentar-se dos vivos - ou, no caso em questão, retroalimentar-se de elementos que já estão na estrada há meio século - é a única maneira de seguir, cambaleante, em frente.


Pena que não tem como dar um tiro na cabeça do filme e poupá-lo de seu sofrimento...



Felipe M. Guerra é cineasta independente e editor do site Filmes para Doidos.


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/os-mortos-nao-morrem-2019?id=428
| 1818 | 06/09/2019
THE DEAD DON'T DIE soa como se alguém tivesse acabado de ver os velhos filmes do George Romero - especialmente "A Noite dos Mortos-Vivos" e "Zombie - O Despertar dos Mortos", dos anos 1960 e 1970 respectivamente -, se encantado com a crítica social inteligente destas obras e tentado fazer o seu próprio tributo ao mestre... mas com meio século de atraso!
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