RECEBA!

O cinema baiano volta a brilhar no novo longa dirigido por Rodrigo Luna e Pedro Perazzo e também roteirizado por Perazzo e Ana Paula Maia. Receba! conta a história de Amadeu (Daniel Farias) e Gina (Edvana Carvalho), um casal de namorados endividado, que começa a recorrer a meios não tão lícitos para conseguir dinheiro. Contudo, em meio a essa caçada por dinheiro, Amadeu rouba uma bolsa recheada, com uma quantia até maior do que eles precisavam.

A partir disso, o filme se desenrola em uma grande caçada a essa bolsa de dinheiro e consequentemente ao casal.

Ao roubar a bolsa de dinheiro, Amadeu resolve alugar dois quartos em diferentes prédios na cidade, um para se esconder e outro para esconder o dinheiro. Ao avisar a Gina do feito a primeira reviravolta do filme já acontece, E a partir desse momento é ela quem passa a procurar Amadeu, o dinheiro e tentar escapar da perseguição feita por Edgar (Jackson Costa) e Lica (Evelin Buchegger), dois policiais civis que também trabalham a mando de Pastor (Narcival Rubens), principal criminoso da Cidade Baixa.

Nessa busca incessante inocentes como o pintor Horácio (Leandro Villa) acaba por ser vítima de toda a história e em certo momento cúmplice de Gina.

Apesar do mote do longa ser a caçada a bolsa de dinheiro Receba! é construído sobre várias camadas sociais como a prostituição, tráfico de drogas e a corrupção policial. Mais do que um filme policial, rodado em Salvador, o longa apresenta um novo olhar para a cidade e para o gênero ao misturar o contexto social da cidade com ficção, ação e pequenas doses de humor.

O destaque principal fica a cargo da construção dos personagens, que são únicos, envolventes e com motivações claras, cada um deles renderia um filme. Mas tal destaque só é possível graças ao excepcional elenco, majoritariamente baiano, que representa uma Salvador real, longe dos estereótipos rasos presentes no imaginário social brasileiro e longe dos cartões postais, mostrando assim uma cidade “crua”.

Receba! é sim um filme carregado de baianidade, mas sem clichês e caricaturas. É sem sombra de dúvidas um dos melhores filmes nacionais do ano.

Nota: 6,5 de 10