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REVIEWS: Lançamentos de outubro

Por: Saul Mendez Filho

The Mortuary Collection (EUA/2020). Dir: Ryan Spindell


Books of Blood (EUA/2020). Dir: Brannon Braga


Após circular por festivais desde setembro do ano passado, The Mortuary Collection chega finalmente ao circuito comercial. O filme se enquadra completamente ao clima de antologias antigas como Creepshow ou Contos da Cripta, exatamente o que se espera de uma boa sessão no mês de halloween. As direções de arte e fotografia apresentam um trabalho muito bem delineado que não varia drasticamente entre contos, como ocorre em outras antologias. A cinematografia é bem planejada e os efeitos são majoritariamente muito bons, com momentos de comédia e gore que fazem o filme navegar entre a fantasia gótica caricata e o horror. Infelizmente e talvez por orçamento ou cronograma, os minutos finais não sustentam a mesma qualidade. Ainda assim, o diretor Ryan Spindell apresenta um dos melhores resultados do ano no cinema do gênero.


Não se podem tecer elogios semelhantes à suposta adaptação de Books of Blood pela Hulu. O filme tenta funcionar como uma antologia e aplicar elementos modernos à obra de Clive Barker. Porém, tudo o que consegue é se afastar demais de sua fonte original em uma produção onde tudo aparenta um DTV (Direct to TV) de segunda linha. Britt Robertson aplica esforço em sua atuação, infelizmente em um material de pouca qualidade e durante a metade inteira de um filme que demora para apresentar qualquer vislumbre da fonte original. A adaptação feita por John Harrison em 2009, ainda que longe da perfeição, apresenta um resultado mais próximo e apaixonado pela obra de Clive Barker, sendo merecedor de uma revisão em detrimento dos minutos gastos com a tentativa atual do diretor Brannon Braga.




Mentira Incondicional (The Lie/Between Earth and Sky, EUA/2020) Dir: Veena Sud 


Caixa Preta (Black Box, EUA/2020). Dir: Emmanuel Osei-Kuffour


Apesar de não apresentar nada notavelmente incrível, a parceria entre Amazon e Blumhouse flui tranquila para uma tarde de projeção. Em "Mentira Incondicional" temos uma reformulação do filme alemão "Wir Monster" (2015), com seu melhor suporte para a tentativa na atuação esforçada de Mireille Enos. O foco intimista da obra original é o que a diretora Veena Sud tenta emular, remetendo no entanto em seu resultado a outros filmes, como "O Anjo Malvado" (1993). Por sua vez, "Caixa Preta" opta por se manter no terreno mais seguro do momento ao misturar "Corra!" (2017) com os questionamentos tecnológicos da série Black Mirror. Nos créditos, o nome "teleplay" ao invés de "screenplay" denota um sincero reconhecimento do filme como um entretenimento televisivo, algo que o mesmo alcança com facilidade. Seus 100 minutos de duração passam rápido com o carisma de Mamoudou Athie no papel de protagonista. Até os próximos dois filmes da parceria com a Blumhouse para o mês do Halloween, a Amazon pode considerar seu objetivo básico cumprido.




Death of Me (EUA, Tailândia/2020). Dir: Darren Lynn Bousman


Death of Me é um filme que desenvolve uma narrativa já comum ao folk horror, desta vez trazendo elementos do cinema de horror tailandês da virada do século. O diretor Darren Lynn Bousman (da franquia Jogos Mortais) e a presença de Alex Essoe (Starry Eyes, 2014) não conseguem, no entanto, resolver os problemas de um roteiro que peca em praticamente todos os sentidos. O clichê do argumento não seria empecilho para um bom filme, não fosse o caso de personagens tão mal desenvolvidos e cenas inseridas em sequências de pouca naturalidade. Os personagens apresentam reações no mínimo estranhas perante o que está acontecendo. Tudo isso influencia as atuações, que parecem fora de contexto. Apesar de algumas belas imagens das locações, o equipamento escolhido para a captação não ajuda como um todo e, acrescido de alguns efeitos de maquiagem duvidosos, o filme aparenta ser uma produção bem mais barata do que de fato é.



HOST (UK/2020). Dir: Rob Savage


Quando me perguntam se já assisti HOST (2020) eu recomendo que assistam The Collingswood Story (2002), pelo fato do primeiro basicamente sugar toda a premissa do segundo. Devido à pouca atenção dada à subcategoria desktop movies anteriormente, HOST se saiu muito bem entre a crítica como uma "aposta criativa durante a quarentena", quando se trata bem mais de um "investimento estratégico em uma ideia pronta". Shudder viu a oportunidade em um momento de quarentena, pegando a base de The Collingswood Story e misturando-a com Unfriended (2014), se afastando disso no máximo quando entrega técnicas apropriadas de sequências da franquia de found-footage Paranormal Activity (2007-2015).


Então, HOST é bom? É, sem dúvidas. Mas criativo é o que ele menos é. É bem fácil encontrar os remendos desse frankenstein. Dentro da subcategoria desktop movies (uma especificidade do próprio found-footage), tivemos o bem mais criativo Searching em 2018 e, ainda neste ano, Spree (dirigido por Eugene Kotlyarenko) é um exemplo também superior em criatividade (embora eu não coloque minha mão no fogo em termos da originalidade do argumento geral - porque nada se cria e tudo se copia - ao menos a criatividade ao associar o argumento com o mundo dos aplicativos de celular se aproxima mais de um ineditismo).


Chega a ser até engraçado ver HOST sendo aplaudido como se fosse o primeiro desktop movie de todos os tempos, "incrivelmente original", quando essa roda já foi criada e desenvolvida ao longo de 18 anos. É um bom filme, mas, assim como já não é possível aplaudir a originalidade em um sexto Paranormal Activity - em breve um sétimo - certamente não dá pra fazer o mesmo com HOST.


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/reviews-lancamentos-de-outubro?id=638
| 779 | 27/10/2020
Reviews curtos com uma avaliação rápida do que há de novo.
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Com uma direção criativa e casting surpreendente, o filme se torna uma agradável surpresa e consegue entregar uma dose de tensão que há muito tempo não se via no cinema.

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