Autor: Paulo Raviere
Editora: Darkside Books
Todos Se Lavam no Sangue do Sol é um livro que começa com a emoção de um assalto à mão armada em uma joalheria da rua Chile. O livro ambientado em Salvador acompanha, entre tiros e correria, os assaltantes, as vítimas e os envolvidos no crime em cada um dos capítulos.
O livro é o primeiro publicado pelo escritor baiano Paulo Raviere, editor da Darkside. Tradutor de grandes nomes da aventura e do horror, como tal e tal, ele presenteia os leitores — principalmente os soteropolitanos — com essa obra que retrata um dia na capital baiana, com personalidades clássicas, vocabulário característico e pontos turísticos.
As ilustrações do artista Alcimar Frazão, quadrinista e ilustrador, tornam a história ainda mais visual. A primeira arte insere Salvador com a imagem do Pelourinho. Toda a história é vivida em paralelo para os personagens do livro que se passa apenas em um dia, desde os primeiros raios de sol até ele se pôr. Cada capítulo é focado em um personagem específico. Nessa obra você pode simpatizar com o ladrão e ter raiva de um religioso. Gostar da vítima durante a maior parte da história e no final ficar contra ela, pode chegar no final e não entender como não pensou naquilo antes. Provavelmente essa última vai acontecer mesmo.
Os personagens são descritos com personalidade bem construída e às vezes até caricata, como os estudantes de universidade federal, moradores de bairros nobres e periféricos, e até a chuva que para a cidade inteira. Por isso, o enredo prende o leitor até o final, para entender a presença de cada personagem na trama, sua relação com o acontecimento motriz e descobrir o que vai acontecer em seguida, que vai sendo destrinchado ao longo dos capítulos.
Embora pareça caótico tudo acontecendo ao mesmo tempo, Todos Se Lavam no Sangue do Sol faz a gente querer terminar o livro antes de terminar o dia. Porém, se engana quem pensa que o livro é só a narração de uma história envolvendo alguns personagens e lugares. Ele mostra e fala sobre o racismo estrutural presente na cidade mais preta do brasil, a desigualdade social, o tráfico de drogas e a corrupção. Um livro para quem quer conhecer Salvador além da beleza da Bahia de todos os santos. Mas lembro que “é proibido ficar triste em Salvador”, como diz um dos personagens.
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