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Tokyo Vampire Hotel (2017)

Por: Saul Mendez Filho

Título Original: Sion Sono's Tokyo Vampire Hotel (Tôkyô Vanpaia Hoteru)
Direção/Roteiro: Sion Sono
Produção: Amazon Studios / Nikkatsu
Temporadas: 1
Episódios: 10
Elenco: Ami Tomite, Shinnosuke Mitsushima, Kaho, Akihiro Kitamura, Megumi Kagurazaka
Disponível em: Amazon Prime


Buscando caminhos diferentes frente à rival Netflix, a Amazon tem investido em projetos no mínimo inusitados. A escolha do diretor japonês Sion Sono, uma lenda moderna reconhecida mundialmente por suas obras controversas (à semelhança apenas do coterrâneo Takashi Miike), resultou em um dos mais interessantes produtos sobre vampiros lançado nos ultimos tempos.


Tokyo Vampire Hotel acompanha a história de um conflito eterno entre dois clãs de vampiros, o clã Yamada e o clã Corvin - sendo estes ultimos os descendentes diretos de Drácula exclusos no subterrâneo de cavernas que interligam a capital japonesa à Romênia. Todos esses túneis partem, na verdade, do útero de uma vampira-hotel que interliga dois mundos (ou seja, todos vivem em túneis vaginais cujas paredes precisam ser alimentadas com o poderoso sangue dos descendentes). Em Tóquio se ergue, portanto, o majestoso hotel controlado pelo clã Yamada, a própria carne disfarçada de concreto. Enquanto isso o clã Corvin aguarda pela retomada de poder, planejando se fortalecer com o sangue do pai: nascida na data exata de um cruzamento de astros, a garota Manami é um drink poderoso criado sob a força astral do próprio Drácula. Em seu aniversário de 22 anos de idade, Manami é o pivô de um combate sangrento entre os clãs pelas ruas. Assim inicia uma série em 9 capítulos (com o oitavo dividido em duas partes, totalizando 10 episódios) que não poupa violência e sensualidade desde a primeira sequência. Orgasmos, garfadas, tiros, espadadas, jatos e mais jatos de sangue permeiam a série do início até o ápice, reduzindo o tom para fechar com um final poético nos ultimos episódios. Muitas das sequências foram filmadas na própria Romênia, em locações turísticas relevantes para a cultura criada em torno da lenda.


Como de costume em seus filmes, o ritmo do diretor de Suicide Club é digno da boa literatura e não se permite ficar na linha reta de um início-meio-fim pautado em apenas um plot, um personagem principal, um clímax. A trama permeia também: o flashback - logo no segundo episódio - da vida de uma personagem que não existirá muito além na série (uma das portadoras do sangue de Drácula, nascida na mesma noite em que Manami nasceu mas que, no entanto, não suportou maturar o poder do mesmo em seu corpo até os 22 anos); um segundo plot tão ou mais importante que o principal (Yamada prende um grande grupo de humanos no hotel, visando a criação de uma sociedade de sobrevivência frente a um apocalipse atômico que ocorrerá além de suas paredes sobrenaturais); o desenvolvimento da personagem central K., vampira de espectro político misto na bagunça toda (ela é uma japonesa que foi convertida durante seus tempos de faculdade na Romênia e é amante do próprio Corvin, sendo uma figura crucial para o plano do clã, mas que possui uma relação de respeito com Yamada ao mesmo tempo em que empatiza com humanos e desenvolve um amor fraternal por Manami).


O Capítulo 7 em específico é um banho de sangue com sequências kitsch de combate que fazem jus à história do cinema japonês e não perdem em nada para outros exemplos modernos (como 13 Assassinos, de Takashi Miike), confluindo o melhor da criatividade e cinematografia apresentada na série em um só episódio. Após esse clímax, ocorre um salto temporal de 15 anos, focando em outros personagens, apesar de encerrar a história como um todo.


Assim, os capítulos 8.01 / 8.02 e 9 podem ser considerados uma bela epígrafe - talvez longa, mas não desnecessária. A trama nesse momento conflui para os sobreviventes humanos e vampiros do hotel, em sua relação de simbiose, enquanto se questionam por quanto tempo mais durarão as provisões e a vida do próprio hotel - cujo sangue enfraquece e necessitará de outro "cálice" em breve. Em meio a isso, a única humana nascida nessa sociedade está prestes a fazer seu aniversário de 14 anos e se questiona se o mundo lá fora não é plausível de ser habitado. Os dois momentos da série acabam dialogando com a questão do conformismo e a percepção artística de Sion Sono nunca é rasa. O desfecho não é coordenado como uma surpresa de efeito sentimental para o espectador, mas projetada para acarretar reflexão.


Às vezes brega e com efeitos práticos que não caem bem, mas em sua maioria bem produzida e recheada de efeitos práticos louváveis; às vezes confusa mas nunca desinteressante, a série pode não ser um acerto comercial de parte da Amazon, mas é um acerto artístico relevante para boa parte do público mundial. Tristemente para esse tipo de material, a Amazon não anda se esforçando com o público brasileiro: é necessário ter uma boa base de inglês para apreciar a série, visto que não há legendas disponíveis em português. Dos males, o menor: os cenários e a cinematografia são um espetáculo para os olhos, e mais um exemplo da criatividade oriental.


 



 

Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/tokyo-vampire-hotel-2017?id=105
| 3826 | 06/08/2018
Tokyo Vampire Hotel acompanha o sangrento conflito entre dois clãs de vampiros, o clã Yamada e o clã Corvin, na minissérie de Sion Sono produzida pela Amazon.
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