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Vampire Clay (2017)

Por: Saul Mendez Filho

Título Original: Chi o sû nendo
Direção: Sôichi Umezawa
Roteiro: Sôichi Umezawa
Produção: Yoshihiro Nishimura
Elenco: Ena Fujita, Asuka Kurosawa, Yuyu Makihara, Ryô Shinoda


A nova leva de diretores japoneses voltados para o gore já rendeu bons momentos nos ultimos dez anos. Enquanto o cinema de horror inglês, australiano e americano seguiram os rumos minimalistas das atuais produções à là A24, o japão mergulhou fundo na fusão das melhores características estéticas e técnicas práticas do gore oitentista - associando a isso uma cultura nipônica já permeada de uma arte visual grotesca a muitos séculos, seja no erotismo ou no horror, com a fisicalidade de aberrações, deformações, mutilações e secreções. Vampire Clay foi um dos representantes da produção japonesa no Toronto International Film Festival e também em Sitges no ano de 2017, e é o resultado do esforço de Sôichi Umezawa e Yoshihiro Nishimura, ambos diretores de segmentos da franquia ABC's of Death. Nishimura, por sua vez, carrega a experiência do departamento de efeitos de maquiagem de Tokyo Gore Police (2008) e Kodoku: Meatball Machine (2017), dois exemplos no longo curriculo de um dos mais importantes nomes orientais na área. Considerando disso, a relevância de Vampire Clay dentro do cinema de gênero no universo do cinema oriental é plausível. 


Ultrapassando o mero foco no gore na formatação de um entretenimento descartável (que é o caso de muitos dos filmes produzidos nessa linha por lá, vide Machine Girl de 2008), o filme se ampara em um roteiro sólido em curtos 80 minutos, criando até uma espécie de fábula à là Tim Burton (em Edward Mãos de Tesoura). O resultado, no entanto, é absurdo, divertido e B, mas ainda assim aproveita o holofote para criticar a forma como a arte é produzida, vendida, valorizada. A crítica engloba principalmente a academia de arte japonesa, que absorve anualmente um número ínfimo dos alunos que lutam por uma vaga; os poucos admitidos são provenientes quase que inteiramente de Tóquio. O que resta aos estudantes e artistas da amplitude de regiões interioranas é se vender barato, dando o sangue para produzir obras que serão esquecidas ou das quais eles nunca terão o real lucro e fama. Daí brota o roteiro insano de uma argila que possui vida própria, resultado da fusão da criatura com o sangue de um criador frustrado, a obra de arte máxima que foi consumida e agora a tudo quer consumir.


Se levando a sério apesar da bizarrice, o filme consegue um resultado inusitado. Seria uma daquelas obras para amar ou odiar, para torcer o nariz ou sorrir satisfeito, mas de certa forma permanece em um ponto de equilíbrio que impede as duas coisas. O gore não chega a ser extremo ou possuir uma quantidade exacerbada, embora possua o bastante para o agrado dos fãs do cinema B. A praticidade dos efeitos de borracha agradam aos olhos e a nostalgia, apesar de não haver aqui nenhuma sequência altamente memorável. Talvez o maior trunfo seja este: a bizarrice do contexto geral consegue se adequar bem em um roteiro de boa estrutura. O tempo de duração também contribui para que o filme seja agradável, no mínimo mostrando um rumo interessante por parte do diretor e produtor, que trazem um bom fruto da parceria - não tão suculento quanto o esperado, mas relevante como a previsão de algo grande que se aproxima no horizonte do sol nascente.


 


Resenhas
https://www.cinehorror.com.br/resenhas/vampire-clay-2017?id=106
| 1342 | 13/08/2018
Representante da produção japonesa de horror em Sitges 2017, Vampire Clay é um gore inusitado que se leva a sério apesar do plot bizarro de uma argila amaldiçoada.
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