Título Original: Revenge
Direção: Coralie Fargeat
Roteiro: Coralie Fargeat
Produção: M.E.S. Productions / Monkey Pack Films / Charades / Logical Picures et al.
Elenco: Matilda Lutz, Kevin Janssens, Vincent Colombe, Guillaume Bouchède
Um alaranjado deserto se estende ao horizonte; uma formiga luta corajosamente para sobreviver às gotas de sangue que caem na areia com o impacto retumbante de um terremoto; uma jovem ferida devaneia sob o efeito anestesiante de Peiote. Poderosas imagens de um filme 100% sensorial: Vingança (Revenge, 2017) é escrito, dirigido e editado pela francesa Coralie Fargeat, que retoma o subgênero rape & revenge em uma sinestesia similar a Mad Max: Fury Road (2015). O roteiro é filmado no deserto de Marrocos e adota uma estética que remete, ao mesmo tempo, ao apocalipse de George Miller e ao oitentismo de Nicolas Winding Refn. O resultado, em um tom feminista de imponência gore (literalmente litros de sangue preenchem a tela nas sequências finais), chamou atenção em SITGES, TIFF e Sundance no ano de 2017.
Na história, a garota Jen - interpretada pela modelo e atriz Matilda Lutz de O Chamado 3 (Rings, 2017) - tem um caso com o rico galã Richard (Kevin Janssens), com o qual chega de helicóptero para um final de semana em uma casa longe de tudo. Tudo corre aparentemente bem, até a chegada de dois amigos com os quais Richard compartilha o hobby da caça. A triste reviravolta acontece, e subitamente um jogo de gato e rato irá definir quem é a caça, e quem é o caçador. O discurso autoral é claro, as peças em jogo são claras, e a simbologia da formiga (em sua situação minúscula, reduzida perante o mundo) permeia o filme. Raso, mas uma experiência em linguagem audiovisual que trabalha incrivelmente bem seus efeitos, cores, sons e silêncios. E uma experiência sanguinolenta, como não se vê em filmes mainstream desde a febre do torture porn em meados da década passada. Naturalmente, Coralie Fargeat nada na correnteza de seus coterrâneos Alexandre Aja (Haute Tension, 2003) e Alexandre Bustillo (À l'intérieur, 2007) - e o faz à sua maneira, unindo minimalismo e estética pop no contexto de uma obra nada densa, porém pesada.
Apesar do filme ser uma clássica jornada do herói isso não diminui a qualidade da produção.