“VIVARIUM” (na tradução, "Viveiro"). Irlanda, Bélgica, Dinamarca, 2019 (2020 no Brasil).
Diretor: Lorcan Finnegan.
Roteiro: Garret Shanley e Lorcan Finnegan.
Elenco: Imogen Poots, Jesse Eisenberg, Jonathan Aris.
Duração: 97 min.
Sinopse: Um jovem casal que procura a casa perfeita fica preso em um bairro misterioso de casas idênticas que parecem um labirinto.
Com o sucesso recente do sub gênero de horror que lida com espaços liminares, intensificado após rumores de que a A24 lançará um filme (“The Backrooms”) - dirigido pelo novato Kane Parsons, de 17 anos -, é importante relembrar de obras passadas que tratam do tema.
Dentre elas, se destaca Viveiro, um filme dirigido pelo visionário indie Lorcan Finnegan (e escrito pelo seu parceiro de longa data, Garret Shanley, também responsável pela escrita de diversos outros de seus títulos), que foi escolhido para nada menos do que ter a sua premiére no festival de Cannes, em 2019. Misturando elementos de terror e sci-fi, a história é capaz de te prender do início ao fim, caso não pelos efeitos especiais impactantes, com certeza pela premissa criativa.
Com um roteiro direto ao ponto, Viveiro conta com a ambientação claustrofóbica e surreal que os amantes de terror liminal buscam. Aqui não há personagens demais ou uma backstory forçada: a trama gira majoritariamente entre o drama de dois personagens, o jovem casal Gemma (Imogen Poots) e Tom (Jesse Eisenberg), que buscavam apenas olhar uma casa nova e acabam aprisionados em um mundo alienígena que eles são incapazes de lutar contra. As atuações de ambos são excelentes e contribuem para entregar a tensão no filme, sem exageros.
Ambos recorrem a mecanismos distintos de fuga após as tentativas de escapar se mostrarem inúteis - isso até a chegada de um bebê misterioso. Um dos principais aspectos de tensão é a relação de crescente tensão entre ambos, dados os momentos de absurdidade ao longo da trama, além da luta para manterem as suas identidades e humanidades dentro de um ambiente hostil em que se encontram cativos.
O filme promove reflexões acerca da natureza humana: o que alguns de nós mais buscamos é a segurança, mas quão frágil é o limite em que a segurança passa a ser indesejada? Yonder, o bairro inicialmente retratado como o portador de lares perfeitos, parece ser uma prisão mortal - uma crítica à nossa sociedade atual, que muitas vezes é percebida como um lugar onde as pessoas vivem presas em rotinas monótonas e sem sentido.
Além disso, o filme aborda a questão da privação da liberdade e a manipulação da percepção da realidade por parte de forças desconhecidas e poderosas, o que remete a críticas à sociedade na qual o indivíduo pode ser alienado e manipulado por grandes corporações e sistemas de controle.
Finnegan e Shanley constroem um mundo sinistro e desconcertante que não depende de jumpscares ou sustos baratos para assustar. E eles também não explicam tudo, deixando o espectador responsável por atribuir significado.
Entretanto, longe de ser perfeito, o filme tem algumas falhas em sua execução e não é pra todo mundo: ele pode ser considerado para alguns um tanto lento e arrastado, além da falta de aprofundamento intencional sobre o universo criado. Entretanto, isto, de forma alguma, surgiu como impedimento para que eu gostasse do filme.
Em resumo, se você está procurando um filme de terror diferente, com aspectos de sci-fi, se você gosta de terror liminal, de bom CGI ou só de um roteiro criativo Viveiro é uma excelente escolha.
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